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Marlin,
Eu respeito a liberdade de cada pessoa cuja vida a ela cabe decidir o seu destino.
Admito não conhecer a história dos gémeos em questão, qual o seu percurso de desenvolvimento e quais as circunstâncias em que viviam. Admito igualmente que nem todas as pessoas têm a mesma sorte que eu tenho e que não têm a mesma garra que eu tenho.
Depois de ler e reflectir nas suas palavras, vi que para si cada um faz o que quer da sua vida, até porque esta lhe pertence, e na ausência de estímulos positivos por parte do meio em que a pessoa vive ela tem ideias destrutivas.
Estudei Psicologia e sei do que estou a falar. A maioria das pessoas reage de forma depressiva à deficiência e fica num estado de grande vulnerabilidade psicológica. E basta ela ouvir expressões negativas como "é um infeliz" ou "não vai ser capaz" ou pior "não é normal" para ela pensar que é verdade, que a deficiência é horrível, que já nada faz sentido, para ter iedações suicidas.
Eu passei por experiências stressantes, mas a boa verdade é que deixava-me convencer por estas expressões destrutivas.
O amigo Marlin tem uma visão diferente da vida sobre o sentido da vida, mas as coisas só fazem sentido depois de passarmos pelos maus momentos. Felizmente você não é surdocego e pode ter uma ideia imprecisa ou distorcida sobre essa realidade. Há quem pinte a surdocegueira com cores pretas e se esqueça que é um ser humano como todos com os mesmos direitos e deveres.
Porém, a sociedade não pratica o que está na lei, só os privilegiados têm a sorte de desfrutar das melhores condições. Falo, pois, dos ricos ou dos que dominam a cultura de massas como os media, ou mídia, falando brasileiro.
A eutanásia não é mais do que um método de eliminação das pessoas com deficiência. No século passado, na Segunda Guerra Mundial, cientistas retratavam as pessoas deficientes como "fardos", "doentes irreversíveis", "debéis mentais" e "criaturas infelizes" que preferiam a morte a ter de sofrer. Tais ideias foram largamente difundidas e aeites pelas sociedades e pelos grupos políticos, perdurando ainda hoje no nosso inconsciente.
É a cultura destrutiva e desumanizada em que vivemos que faz da surdocegueira um fardo indesejável e é normal que o próprio surdocego sinta isso e sofra interiormente.
Mas a culpa não é da surdocegueira, mas sim dos preconceitos que se formam dela. São os preconceitos os potenciadores da discriminação e de perturbações do desenvolvimento.
A sociedade é a grande culpada ao facilitar o acesso à eutanásia, um método de eliminação mascarado para eliminar as pessoas com deficiência. Se a surdocegueira é um problema que a própria sociedade ignora ou faz dos surdocegos mais limitados do que são na realidade, eliminá-los é aceitável.
Pois se o Marlin afirma que eu sou dogmático, eu não o diria dea pessoa que não conheço. Se é mais fácil renunciar a lutar, se o Marlin pensa que a deficiência é uma fatalidade e a vida insuportável para quem vê na deficiência um ostáculo intransponível, respeito a sua teoria da liberdade individual.
Afirmo apenas que se eu estivesse com uma grave depressão estaria mais propenso a aceitar morrer, embora não fosse essa a minha real intenção. O amigo não sabe ao certo se os gémeos desejavam morrer. Podem ter sido influenciados pelos preconceitos ou só verem na visão o único meio de comunicação.
Estou triste porque nunca pensei que pessoas preferissem morrer a ficarem surdocegas. Isto só prova que a surdocegueira para a maioria das pessoas é tão terrível que mais valia não existirem surdocegos, mem todo o esforço que têm feito por uma vida digna e uma sociedade mais humana e justa.
Abraço.
Entendo teu ponto de vista, Marco, só que compartilho da opinião da (ou do, desculpa a incerteza) Marlin.
Acho que as pessoas devem ter o direito de decidir sobre sua vida ou o fim dela. Cada um sabe o peso que consegue suportar e, já que o peso da surdocegueira foi demais para eles e quiseram por um fim nisso, não acho que podemos julgar ou condenar nem a eles nem aos médicos.
E como diria um grande músico brasileiro, "cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é".
Viva, Marco
Em primeiro lugar, deixe-me dizer que és fera a argumentar, pelo que gosto muito de conversar consigo.
Agora preste atenção:
Cada indivíduo tem uma história, e é exatamente essa história que nos distingue uns dos outros, pois ela é única.
Você teve a sua, que por sorte e ao mesmo tempo garra, tem sido bem diferente da deles.
mas a história deles é só deles, e conduziu ao rumo que conhecemos.
Ainda assim não podes garantir que eles não procuraram ajuda, que não tentaram se reabilitar.
Também acredito que não deves criticar os médicos que levaram a cabo a eutanásia, pois só atenderam a um pedido de quem não queria viver, alguém dotado de liberdade para viver ou não viver.
Veja, caro Marco, da mesma forma que consideras covardia renunciar à luta e à vida, eu considero covardia não ver qualquer sentido nela e continuar se arrastando pelo mundo. Para mim, é uma questão de dignidade.
Como dizia Karl Marx, vida é atividade.
Será que não estás sendo dogmático?
A vida pertence a quem a vive, e creio que este é livre para querê-la ou não.
Pense nisso
Olá Céu!
Também eu não entendo, apesar de os próprios gémeos terem escolhido morrer....
Como já afirmei anteriormente, é mais fácil morrer do que viver. As pessoas são testadas a cada dia das suas vidas e há aquelas que não aceitam as suas limitações e que só olham para o lado negativo da vida.
A perda da visão e da audição não me impediram de pensar e de sentir, antes tornaram-me mais cobsciente do meu valor e do valor da vida. Valorizo as pequenas coisas da vida que antes eram para mim insignificantes, como o calor do Sol e as texturas dos objectos que me rodeiam.
Foi sem ver e sem ouvir que eu mostrei a mim mesmo ser mais capaz do que muita gente dita normal. Essas pessoas na ausência da visão procurariam a eutanásia como os gémeos.
Eu cheguei a pensar que era o único do mundo a sofrer, mas vi que há pessoas bem pior do que eu que são autênticos exemplos de vida.
Penso que os gémeos não suportavam a surdocegueira e que fugiram dela. E fugir dos problemas é a escolha mais infeliz, porque a pessoa jamais viverá em paz consigo mesma.
Nenhum ser humano deseja sinceramente morrer. Mas não entendo porque os gémeos não procuraram ajuda psicológica, porque deviam estar muito desnorteados e com sintomas depressivos.
Também não entendo a frieza dos médicos que aceitaram ajudá-los a morrer. O lema do médico é curar o doente, seja de males físicos ou de males de alma.
Costumo dizer que quando se fecha uma porta abre-se uma janela, mas estes gémeos estavam contaminados de ideias preconceituosas sobre a deficiência e deram razão de que eram vulneráveis e totalmente incapacitados...
É a educação errada que recebemos que nos leva a pensar que a perda da visão equivale ao fim do mundo.
Beijinhos
Marco,
Abração!
Como já disse, admiro quem luta pela vida. Mas admiro de igual forma, quem não encontra sentido nela e decide renunciar a ela.
Eu não sou você, você não é nenhum deles. Você tem um grande amor pela vida, assim como eu tenho.
Mas quem não tem, não é obrigado a continuar vivendo.
É isso que eu defendo: liberdade.
Olá Marlin,
Eu sou surdocego total, já estive acamado, tive uma pneumonia, e já passei por tantas coisas dolorosas que nem você imagina, mas mesmo assim não desisti de viver!
Tive razões mais do que suficientes para ter depressões profundas, mas não perdi a esperança e a coragem de ultrapassar as minhas limitações.
Além disso, a opção pela eutanásia nunca foi para mim uma saída nos anos em que eu perdia progressivamente a vista. Já era surdo e agora a cegueira tornava a minha vida mais difícil, mas eu não me escondi dos problemas, agarrei-me à vida, aprendi o que estava ao alcance das minhas mãos.
Como é que o Marlin pode achar digno de admiração o que os géneos fizeram? Acha que fizeram bem em procurar a morte como único recurso? Estamos no século XXI e as pessoas com deficiência têm uma melhor qualidade de vida, existem formas de comunicação alternativas e as pessoas já têm uma nentalidade mais aberta à diferença.
Mas como pode o amigo afirnar que foi digno de admiração o que eles fizeram? Se isto se tivesse passado no século XV, por exemplo, onde não existia nada para as pessoas com deficiência, sim seria digno de admiração escolher morrer.
Há pessoas que lidam mal com a sua deficiência e que procuram medidas tão radicais e deploráveis como a eutanásia para porem termo ao seu sofrimento.
Ser cego ou surdocego não é tão grave como ser doente terminal ou tetraplégico.
Se você é um defensor da vida, porquê estes dois indivíduos que não tinham nada de grave e que podiam continuar as suas vidas fugiram da vida? Se podiam andar, falar, sentir, pensar e lutar pela vida...
O que é que você faria se ficasse surdocego? Quereria morrer como os gémeos ou lutaria ?
Se você lutasse, isso seria digno de admiração, porque estaria a cumprir a sua missão.
Ou a Bélgica é um país com demasiada liberdade, ou porque é mais fácil morrer do que viver?
Olá
Um grande abraço
Marlin
Sei que tens em casa um belíssimo exemplo de como se deve encarar esta situação, nosso querido Marco Poeta.
Mas o que quero dizer aqui é que cada indivíduo sabe melhor que qualquer outro onde lhe dói.
Se eles sentiam que o fim da visão, somado ao fim da audição já ocorrido antes lhes minou o sentido da vida, se para eles era o fim, não cabe a qualquer pessoa tentar sentir por eles.
Podemos pensar por qualquer pessoa, mas só sentimos por nós mesmos, pois cada pessoa é um mundo, embora haja ligação entre esses mundos.
A vida, como escolha, é algo absolutamente individual.
Não entendo nem aceito esta opção!
Não eram doentes terminais e não estavam acamados...!
Imagino que tenha sido difícil para eles lidar com a surdocegueira, mas também acho que foram extremamente precipitados!
Talvez eles, sequer, nunca aceitaram a surdez e a perda de visão veio piorar as coisas! Mas acho que deviam ter lutado, enfrentando e aceitando as suas limitações! Deviam ter dado um outro rumo às suas vidas, procurando ajuda, dando sentido às suas vidas!
Sou a favor da eutanásia em casos terminais, gravíssimos. Mas neste caso, eu sou completamente contra!
Eu, como profundo defensor do direito à vida e à morte, aplaudo a atitude destes seres.
Quero deixar claro que não pretendo dizer com isso que todos que se encontram em situação igual devam fazer o mesmo, mas que todos quantos queiram tenham seu direito respeitado.
Criei um blog para tentar juntar portadores de marfan http://eu-tenho-marfan.blogspot.com.br/ ainda está em construcao!!
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