Comentários efectuados por Marco Poeta
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Olá!
Sou massagista/auxiliar de fisioterapia em pleno estágio, sou cego total e surdo profundo, mas ouço 70%, o que quer dizer que não tenho uma audição perfeita e que sinto algumas dificuldades em localizar a origem dos sons e em perceber certas palavras. No entanto, os meus medos de não conseguir um estágio e ser autónomo revelaram-se infundados, porque logo no meu primeiro dia de estágio tive tanto trabalho como as auxiliares e as fisioterapeutas!
E em menos de uma semana já me orientava sozinho no meu bloco, na cozinha onde aqueço o meu almoço e no vestiário onde me equipo. Consegui porque tenho uma boa capacidade de adaptação e ao mesmo tempo que trabalhava ia fixando as referências.
Como o centro de fisioterapia é da Santa Casa da Misericórdia da minha cidade, temos sempre muito trabalho, no meu bloco são quase 30 utentes por dia! E não me trataram como um limitado, antes pelo contrário fizeram tudo para me incluir e para que eu fosse o mais autónomo possível.
Uma fisioterapeuta muito inteligente adaptou os aparelhos de eletroterapia com sinais em relevo para que eu não precisasse de estar constantemente a pedir ajuda para colocar as intensidades, etc. Agora ando nas nuvens porque faço tantas coisas sozinho para além das massagens e dos calores húmidos!
Foi o melhor sítio que a APEDV conseguiu arranjar, mas muito honestamente não houve qualquer problema em me aceitarem como estagiário, ou seja, responderam prontamente sem pôr em causa a minha dupla limitação. Até pensei que a minha mãe é que pediu lá no Céu que fosse assim! rsrsrsrsrs
Contudo, reconheço que a minha dedicação e o meu jeito para as massagens contribuíram em muito para que ficassem positivamente impressionados, tal como a sensibilidade das pessoas que trabalhavam na clínica. Tive sorte porque me calharam pessoas muito acessíveis e que apreciam o meu entusiasmo e trabalho de tal maneira que também as ajudo nos seus blocos e fico a trabalhar até depois da minha hora.
Uma coisa que para mim foi muito importante foi a simpatia e a confiança da diretora e do pessoal da clínica, pois antes do estágio pensava que não me iam deixar fazer metade do que faço atualmente e que, com o tanto trabalho que têm, não tivessem tempo para me explicar. Mas são pessoas espetaculares e arranjam sempre tempo para me ler a ficha dos utentes e os respetivos tratamentos que tenho de lhes fazer.
Muitos dos utentes gostam das minhas massagens e houve uma senhora que ficou tão triste porque não tinha indicação de massagem que fiquei comovido.
Conto-vos isto para vos dizer que não tive o superprotecionismo ao começar o meu estágio e que hoje as pessoas não são tão preconceituosas como no passado. Penso que tem a ver com a minha atitude e vontade de aprender qualquer coisa que esteja ao meu alcance e faço com alegria as tarefas mais simples, como arrumar os materiais e preparar outros.
A minha surpresa não termina, porque cada dia ensinam-me coisas novas para aumentar a minha autonomia e houve um dia que me deixaram encher garrafas e frascos com gel e creme de massagem. Adorei e não sujei a mesa e o chão!
Ontem desenrasquei-me lindamente ao aplicar um tratamento de correntes a uma utente, fiz praticamente tudo e no fim desliguei o aparelho feliz por mais um dia a ajudar os outros.
O fazermos o que gostamos e sabemos fazer é uma sensação maravilhosa e não penso para já na possibilidade de ficar ou não a trabalhar lá, porque já foi demasiado bom ter conseguido estágio e depois se vê.
Abraços
Olá amigo Filipe!
Tenho andado bastante atarefado com o meu estágio e chego a casa cansado mas muito feliz por mais um dia no qual me senti verdadeiramente útil para os outros!
Apesar de agora o meu tempo livre ser muito pequeno, hoje aproveitei por passar por aqui e ler as novidades e gostei muito do artigo que publicaste!
Achei que os cartões eram uma forma excelente de sensibilizar as pessoas a aprenderem outras formas de comunicar com pessoas cegas, surdas e com ambas as deficiências como eu, embora existam outras como a escrita na palma da mão, por exemplo.
Por acaso sou um apaixonado pelo Braille, sei fazer as letras e os números com os dedos e ainda me recordo de vários gestos de LGP que aprendi com pessoas surdas e surdocegas.
No entanto, muita gente acha difícil aprender estas formas de comunicação como se só as pessoas com limitações sensoriais estivessem geneticamente dotadas para as adquirir sem esforço. Nada mais falso e errado, porque qualquer aprendizagem requer esforço e uma boa dose de motivação. E depois o nosso cérebro precisa de tempo para assimilar as coisas novas.
Muitos de nós usa de forma inconsciente gestos naturais no nosso dia-a-dia, porque a comunicação não é apenas uma e saber apenas uma língua é ser limitado e estar sujeito a ser excluído. Por isso é que quanto mais ferramentas de comunicação tivermos melhor.
Recordo-me que antes de ouvir com o implante coclear tinha uma pequena prancha com as letras em braille em relevo e as letras normovisuais por baixo. Mas as pessoas ou não tinham paciência ou tempo para comunicar comigo dessa forma realmente morosa ou preferiam escrever-me algumas palavras simples na palma da mão.
Confesso que voltar a ouvir foi a melhor coisa que já me aconteceu e penso que se não fosse assim não teria conseguido metade do que consegui até aqui.
Abraços
Olá Filipe!
O bom filho à casa volta! Sê bem aparecido, amigo!
Estou feliz que tenhas voltado ao Lerparaver e tenho a certeza que vais animar o pessoal com os teus comentários úteis, positivos e de quem vive as coisas intensamente.
Subscrevo inteiramente as tuas palavras e o que não nos falta é força de vontade e otimismo para superar os desafios da vida.
Grande abraço
Olá!
Isto vai demorar até que seja possível restaurar a visão a milhões de pessoas com cegueira hereditária, que não é meu caso, mas que não deixa de ser um farol para as mesmas.
Sou cego total desde os 16 anos e hoje com 31 já aprendi a viver com a minha cegueira com naturalidade. Mas não pensem que foi uma adaptação pacífica, pois foi preciso muita coragem e determinação para recomeçar do zero, já para não falar de que na altura não ouvia os sons e as vozes que soavam à minha volta...
Habituei-me de tal forma a usar os outros sentidos e outras capacidades que sinto que a visão seria mais u complemento e não o sentido mais importante de todos os sentidos, porque todos são importantíssimos e ajudam a compensar em certa medida a ausência de um deles.
Cumprimentos
Os criadores desta tecnologia estão de parabéns, porque, pelo que me foi dado ler, a sua aplicação teve muito mais sucesso do que os tradicionais e invasivos implantes de retina.
A sua eficácia e baixo custo poderão ser uma melhoria significativa para estas pessoas afetadas pela retinopatia diabética e pode ser que posteriormente também seja utilizada no tratamento de outras doenças.
Fico a torcer para que sim, até porque já nos chegam os tratamentos dolorosos a que nos temos de sujeitar!
Sinceramente nunca gostei de ir ao médico, pois esperavam-me aqueles aparelhos e injeções que me deixabam a ver pior e que em nada contribuíram para que melhorasse nem que fosse só um bocado...
E se esta tecnologia tem realmente o condão de melhorar a saúde e qualidade de vida das pessoas, então será um salto de gigante!
Cumprimentos
Olá!
Sinceramente, muitas doenças dos olhos poderiam ser evitadas e muitas pessoas conservariam a sua visão por muito mais tempo.
Hoje cego total, arrependo-me de não ter dado o devido valor à minha visão, pois na sua ausência é que me apercebi como me faz tanta falta...
Penso que se tivesse aprendido o Braille mais cedo e não tivesse abusado tanto da minha visão ainda a teria conservado por mais algum tempo. Mas de que adianta lamentar-me, se iria perdê-la de qualquer maneira!
Contudo, para quem ainda tem um pouco de visão, mesmo que esse pouco seja apenas para distinguir vultos ou o dia da noite, aconselho a conservá-la, porque será sempre mais uma ajuda na autonomia.
E cuidar dos nossos olhos é mais importante do que perdê-los e depois lamentarmos. Aprendam braille e utilizem o leitor de voz para não esforçarem tanto a vossa preciosa visão se quiserem conservá-la o máximo possível.
Pensem nisto!
Olá!
À primeira vista, parece uma bengala bastante útil para auxiliar na mobilidade, mas acho que o mais importante do que o reconhecimento de pessoas seria a deteção de obstáculos e a capacidade de calcular a sua distância, de forma que pudéssemos ter tempo para decidir para que lado nos devemos virar.
Já o GPS, não é uma ideia nova, mas a novidade é que podemos dar as orientações por voz do trajeto por nós escolhido.
Não, não estou a desanimar-vos com estes reparos, porque acho que é uma bengala inteligente e capaz de ajudar a reconhecer pessoas à distância, mas quem vê é que tem a obrigação de se desviar de quem não vê e não o contrário.
Gosto da minha companheira e amiga bengala, com ela já faço algumas deslocações sozinho nos sítios mais importantes e até agora não tenho tido problemas.
Mas todas as ideias que visem proporcionar-nos uma maior autonomia são sempre bem vindas!
Cumprimentos
Gostei muito deste testemunho de que a cegueira não impede de realizarmos os nossos sonhos, só temos de ter muita força de vontade e não desistir, e aceitarmos ajuda só quando precisamos, ou então sermos criativos e criarmos estratégias.
Fico muito feliz que esta mulher tenha realizado o sonho de ter um filho, embora tenha tido o primeiro muito cedo.
Já dizia o ditado: a necessidade faz o engenho. E acabamos por descobrir por nós próprios outras formas de dar a volta aos desafios.
Espero que esta história sirva de estímulo a outras mulheres que lutam pelos seus sonhos, seja encontrar um companheiro compreensivo e respeitador, seja ter um emprego e independência financeira, seja ter filhos ou tudo isto junto.
Tudo de bom!
Quando tinha baixa-visão era um viciado em jogos de computador e em consolas, e confesso que de muito que abusei acabei por "lixar" a vista...
Apesar de os vídeo jogos entreterem e estimularem o raciocínio e outras capacidades cognitivas, podem também viciar e ser nocivos para a visão, isto se não forem utilizados com parcimónia.
Apesar de ser muito crítico, não levem à letra o que disse! rsrsrs Pois não dispenso os audiogames que são fantásticos, especialmemte aqueles que são desafiantes e que nos põem a pensar. O simples facto de ter voltado a poder jogar jogos de computador foi uma alegria sem palavras! E o mais fixe de tudo é que são completamente acessíveis. Não, não estou a falar do playroom, mas dos audiogames da Blind Games Brazil. Nesse site tem um pouco de tudo, desde jogos de estratégia até jogos de carros de corrida. A única coisa que acho que não está bem é não ser jogável entre um cego e um normovisual, o que é uma pena, pois devia dar para todos.
Tudo de bom!
Olá Céu! Tudo bem contigo? Espero que sim!
Concordo com o que disseste em termos amor-próprio, valorizar-nos e aceitar-nos, incluindo a nossa deficiência, pois só assim estaremos em condições de sermos felizes e fazermos felizes os que estão à nossa volta.
Ter autoestima é uma coisa que se constrói com a nossa descoberta do nosso interior e valor, assim como a estima e o carinho daqueles que nos são significativos. Porque passa-nos perfeitamente ao lado as bocas de pessoas que não fazem parte do nosso mundo. Ficaríamos mais trists se tais comentários negativos partissem dos nossos, não achas?
Foste fiel aos teus sentimentos, foste sincera, encontraste-te e hoje és uma pessoa mais independente e feliz. Fico muito feliz por ti, por seres humilde e não exigires tanto da vida. Pois o segredo da felicidade está em viver as pequenas alegrias do dia-a-dia!
Todos erramos e errar faz parte do nosso amadurecimento. Tudo nesta vida é feito de lições, de escolhas e de apostas.
Sim temos de viver o presente, mas também pensar no futuro sem grandes planos. As metas têm de ser realistas e modestas, e apostamos a nossa vida no nosso futuro sem demasiadas expetativas.
Estou a apostar no êxito do meu estágio mesmo que não passe de um estágio, mas intimamente farei tudo para que gostem de mim e talvez fique a trabalhar no centro de fisioterapia. Porém, mesmo que depois não fique, sonhar faz bem, motiva-nos a continuar e a entregar-nos ao trabalho com paixão!
Quanto à solidão, para mim, ela existe, por muito que me convença de que é suportável. É que um certo poeta disse certa vez: o Homem suporta tudo menos a solidão. Eu gosto de estar sozinho e no meu cantinho, mas também preciso da companhia dos outros, de partilhar o meu carinho e atenção, de enriquecer-me e de aprender.
A Jéssica está a crescer e um dia vai querer que também a mãe seja feliz e se isso acontecer, eu ficarei muito feliz por vós!
Podemos dizer que estamos bem sozinhos, mas o que dizemos não se escreve, pois mais tarde ou mais cedo vamos sentir que o nosso mundo só tem sentido partilhado com alguém que nos aceite como somos e vice-versa.
Um voluntariado é uma forma muito nobre de partilhar um pouco de nós e de espalhar a nossa alegria e o nosso carinho a quem deles mais precisam. E faz pouco tempo li num jornal que os distritos de Beja e Viseu são onde a população é mais idosa e muitos vivem sozinhos ou isolados. E também os acamados que raramente recebem visitas e que passam a maior parte do tempo a olhar para o vazio... É muito triste e fazeres um voluntariado é uma experiência muito gratificante, pois gestos tão simples como um sorriso, um abraço ou uma palavra de compreensão valem mais do que todos os confortos materiais!
Obrigado e também te desejo uma boa continuação, com o sol a brilhar para nós num convite à alegria!
Beijinhos
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