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Opinando - Blog de Filipe Azevedo - blog de Filipecanelas

Democratizar o acesso ao trabalho.

por Filipecanelas

Os deficientes também querem e sabem trabalhar.
A igualdade de oportunidades não é algo que deva ser apregoado apenas em dias festivos para as associações de deficientes.
A democracia, não deve ser vista apenas numa perspectiva de garantir ao cidadão o direito de voto, de eleger os seus representantes. Este conceito é pois muito mais abrangente, e engloba muitas outras vertentes, como por exemplo o direito ao trabalho.
E em minha opinião, esta questão deve estar sempre na ordem do dia, isto enquanto os cidadãos portadores de deficiência não tiverem o mesmo direito no acesso ao trabalho que tem os restantes cidadãos.
Não posso deixar no entanto de dizer que, felizmente, temos registado algumas evoluções significativas, mas, o facto de isso nos deixar satisfeitos e optimistas, não nos deve resignar, porque à ainda muito por fazer.
Mas, nós deficientes também temos de fazer a nossa parte, e uma das coisas que é essencial termos em conta é que, quando um deficiente não desempenha convenientemente as suas funções num determinado posto, isso vai prejudicar outros deficientes, uma vez que a entidade empregadora tem uma fortíssima tendência para generalizar. Se aquele trabalhador não conseguiu cumprir bem a sua tarefa, outros trabalhadores que sejam portadores do mesmo tipo de deficiência também não o irão conseguir fazer.
O facto de nós estarmos perfeitamente conscientes que não se deve generalizar, infelizmente não muda muito, e a estratégia passa por sermos bons profissionais para dar-mos uma boa imagem de nós próprios, mas também dos outros deficientes. Só assim, vamos conseguindo com o tempo inverter essa tendência da generalização.
Existe uma ideia que eu costumo partilhar sempre quando falo sobre o mercado de trabalho, e os deficientes que é:
Nós deficientes, temos de ser muito melhores do que os outros, para conseguirmos alcançar os mesmos objectivos.
No entanto, Aquilo que eu queria era que os trabalhadores portadores de deficiência fossem tratados da mesma forma que os outros. Os maus trabalhadores devem ser punidos, mas os bons também devem ser valorizados. Não à nenhuma desculpa para que um trabalhador portador de deficiência não se esforce e não produza como acontece com os restantes funcionários.

Para além disso, uma situação que devemos ter presente são as vantagens para as empresas em terem nos seus quadros trabalhadores portadores de deficiência.
Se tivermos presentes essas vantagens e benefícios, temos mais um argumento de peso, para que quando for necessário, podermos demonstrar a quem de direito, que existem vantagens para a empresa, e que pode ser benéfico para a mesma dar uma oportunidade a alguém que seja portador de qualquer tipo de deficiência.
De o extenso leque de vantagens para a empresa, para o indivíduo e para a sociedade, podemos dividi-las em dois tipos.
As vantagens de ordem económica e as de caris Social.
As vantagens sobre o ponto de vista económico são:
Apoios concedidos pelo IEFP (Instituto de Emprego e Formação Profissional), através de subsídios de compensação, adaptação dos postos de trabalho, eliminação de barreiras arquitectónicas e de acolhimento personalizado na empresa.
Concessão pela Segurança Social de uma taxa reduzida variável para cálculo das contribuições referentes aos colaboradores com deficiência.
Prémios de mérito e prémios de integração atribuídos pelo IEFP.
Ganhos económicos e de produtividade;
Maior equidade e coesão social;

Temos também as vantagens de âmbito social, que são:
O desempenho e a produção das pessoas com deficiência, que muitas vezes supera as expectativas do início do contrato.
Os colaboradores com deficiência ajudam a organização a ter acesso a um mercado significativo de consumidores com as mesmas características, aos seus familiares e amigos.
Níveis de motivação elevados. Como para uma pessoa portadora de deficiência as oportunidades são em número reduzido, é usual verificar-mos que derivado a esse facto, o trabalhador agarra com as duas mãos a oportunidade que lhe é dada, aumentando assim os seus índices de motivação.
Ambiente de trabalho mais humanizado, diminuindo a concorrência selvagem e estimulando a busca de competência profissional.
Reforço de imagem junto da opinião pública.
Maior sensibilização e diminuição do preconceito em relação às pessoas com deficiência.
Construção de uma sociedade plena, diversa e com maior igualdade de oportunidades.
Rentabilização de capacidades e talentos.
Ganhos culturais.

Paralelamente temos ainda as vantagens para o próprio indivíduo:
Maior integração social e socialização.
Desenvolvimento de competências
Melhoria da qualidade de vida.

Apesar de todos estes incentivos, ainda existem muitos entraves no acesso ao trabalho por parte de pessoas com necessidades especiais.
Esses entraves são em minha opinião completamente injustificados, ainda para mais quando hoje em dia até no campo tecnológico, os trabalhadores portadores de deficiência já podem adquirir equipamentos que lhes permitem estar no mesmo patamar do que os seus colegas de trabalho. Com os incentivos para a adaptação do posto de trabalho, com os equipamentos que já existem, com as vantagens sociais que vimos anteriormente, estão criadas as condições para que o acesso ao trabalho seja efectivamente democrático.

Comentários

O acesso ao emprego também permite às pessoas com e sem deficiência a reelaboração do conceito de deficiência. Inicialmente, posso pensar que "as pessoas agiram desse jeito porque sou deficiente." Depois, pensando mais friamente, acho que "as pessoas agiram assim porque nunca conviveram com pessoas com deficiência." A partir desse último conceito, terei de me policiar para não encarar com raiva certas situações. Devo procurar posicionamentos que me permitam questionar esses conceitos, podendo até conseguir um aliado na luta contra o preconceito.
Parece-me que a legislação brasileira referente a empregabilidade é bem diferente da portuguesa. Para ter uma idéia geral dela, podemos consultar o site da Rede Saci (www.saci.org). No campo de pesquisa, digite o nome da autora do texto (Rita de Cássia).
Bom, agora preciso continuar trabalhando rumo a uma ociedade mais inclusiva. Tchal!
Cristiana M. C.

Cristiana M. C.

Oi
Eu achei este post de outro site. Posso republicar é traduzida na forma de um do meu site? Creio que, quanto mais as pessoas sabem sobre ela, melhor.
Se sim - por favor, deixe-me através do e-mail ID Estou usando com o meu comentário.
Atenciosamente
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Tribal Health

Primeiro começo por dar os parabéns pelo blog, pelo trabalho e pela fantástica escrita. São palavras que envolvem sentimentos e o dia-a-dia comum, digo comum porque facilmente percebemos que limitados somos todos nós. Usando uma analogia "Atirai a primeira pedra quem não tem reservas e limitações".
Somos todos diferentes e todos iguais, no fundo o que nos diferencia é o modo como fazemos e como "olhamos" para o mundo.
Ver para crer! Será necessário?
Os humanos possuem a particularidade fantástica de deter cinco sentidos - a visão, a audição, o olfacto, o gosto e o tacto - mas mais ainda têm raciocício, inteligência e algo fulcral dos dias de hoje inteligência emocional. Não será esta a grande valência nos dias de hoje?
Em relação ao acesso ao emprego penso que me limito a dizer seleccionar trabalhadores deverá ter como um único factor de selecção - O profissionalismo.
Se ver para crer é importante, estejam mais atentos ao desempenhos de todos estes profissionais. Obrigada a todos!