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Áudio-descrição: Opinião, Crítica e Comentários - blog de Francisco Lima

Filho de pedreiro e catadora se forma em direito e homenageia pais no PI5: Qual a razão de nos emocionarmos com isso?

por Francisco Lima

Prezados,
A pergunta no título desta postagem é para refletirmos a razão de termos lixões, dos quais pessoas precisam para o sustento. A razão é questionarmos as causas de não termos uma educação, realmente universal, em todos os níveis. A razão é provocarmos a indagação:
E se a pessoa tiver uma deficiência que a impeça de recorrer aos lixões, ao honrado, mas não menos severo trabalho de catador? Como ela estudará?
é triste ter de postar notícia como esta! E temos muitos, muitos Silvas nessa condição. E temos Limas, Gonsalves, Almeidas, Ferreiras e brasileiros e mais brasileiros alijados desse direito humano básico e constitucional que é a educação.
Com a palavra, o MMP.
Ah, a razão de chamarmos por ele?
Talvez porque se gritarmos bem alto ele acorde e responda às queixas postuladas há mais de um ano e que há mais de seis meses, pediram-nos que explicassem, pois não haviam entendido...
E, olha que estava em vernáculo brasileiro, quer dizer, Português.
Fiquem com a matéria, abaixo de minha assinatura.
Cordialmente,
Francisco Lima
Filho de pedreiro e catadora se forma em direito e homenageia pais no PI5
Aliny Gama
Colaboração para o UOL, em Maceió
14/09/201520h05 > Atualizada 15/09/201509h52
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Zulk Ben/Divulgação
Filho de pedreiro e de catadora de castanhas, o estudante de direito Ismael do Nascimento Silva, 25, emocionou quem estava presente na colação de grau dele ocorrida em Teresina (PI), na noite da última sexta-feira (11). O jovem subiu no tablado da área de entrega do diploma carregando um banner destacando a origem humilde da família. "O filho do pedreiro com a catadora de castanhas também venceu", dizia a faixa com a hastag #MeusPaisMeusHeróis.
A história de superação de Silva ganhou as redes sociais no fim de semana com a divulgação das fotos da formatura pela empresa que registrou as imagens. A fotografia dele com a faixa está com centenas de compartilhamentos e mensagens parabenizando-o pela conquista.
Em entrevista ao UOL, nesta segunda-feira (14), Silva disse estar assustado com a repercussão da homenagem que fez aos pais porque queria mostrar "que profissão deles também é digna e que todos podem conseguir superar as dificuldades".
"Meus pais me deram oportunidade para que eu conseguisse me formar em direito. Apesar de não terem condições, me deram assistência financeira para me manter no curso. Os dois entraram na colação de grau comigo porque são meus maiores exemplos de humildade, honestidade, dedicação e amor", afirmou o novo advogado.
A mãe dele cursou até o 3º ano do ensino fundamental e o pai até o 1º ano do ensino médio. Silva é o primeiro da família a concluir um curso superior. "Eles estão muito orgulhosos e eu também porque passei no exame da OAB quando estava no 9º período." No dia 11 de agosto, ele recebeu a carteira da ordem para poder exercer a profissão já depois da formatura.
"Minha vida não foi fácil. Aos 10 anos comecei a trabalhar para ajudar a minha mãe, pois meus pais são separados. Vendi 'sacolé', espetinho de carne, milho cozido. As dificuldades financeiras me incentivaram a estudar. Estou na metade do meu projeto de vida ainda, com essa formatura, mas ainda quero passar num concurso público para ter estabilidade e organizar a vida financeira da minha família", contou Silva.
Ele cursou direito em uma faculdade particular em Teresina como bolsista do Prouni (Programa Universidade para Todos), do Ministério da Educação. Para pagar o transporte, os livros e demais materiais durante o curso, o estudante conseguiu uma vaga como instrutor de Badminton num clube próximo à faculdade.
"Tinha dias em que eu não tinha sequer o dinheiro da passagem de ônibus. Como eu saía cedo da manhã para estudar na biblioteca, já ficava para as aulas do curso à tarde. Ficava sem me alimentar até chegar em casa à noite. No segundo ano, a dona da cantina soube da minha história e eu passei a almoçar de graça. Além da minha força de vontade, sempre tive pessoas que me ajudaram, como meus pais, os colegas da turma, professores e anjos que iam surgindo a cada vez que aparecia algum obstáculo", conta o advogado.
A dedicação de Silva aos estudos era tamanha que ele fazia resumos de todas as aulas, elaborava apostilas e deixaram na xerox para os colegas copiarem. "Fazia com um notebook que ganhei em um concurso, mas acabou que roubaram e eu comecei a fazer a mão. Os colegas se mobilizaram, se juntaram e me deram um outro notebook", diz Silva.
Em dezembro de 2014, Silva conseguiu passar numa seleção na Procuradora Geral de Teresina, onde foi estagiário por sete meses, e este mês começou a trabalhar como assessor direto do procurador-geral do município, em um cargo comissionado. Apesar de já estar trabalhando na procuradoria, os advogados Evandro Melo, Eufrásio Neto e Anderson Souza, colegas de sala de aula de Silva, convidaram sem ônus o jovem advogado para fazer parte do escritório que abriram na zona Leste de Teresina, área nobre da capital.
"Apesar da minha dificuldade financeira, eu nunca me fiz de oportunista para conseguir as coisas. As pessoas observam minha determinação e ajudam. Tenho muita gratidão por tudo. Para mim não tem tempo ruim, sou movido a sonhos e a determinação", disse Silva.
Fonte: UOL