Sorrir na diferença
São múltiplos os obstáculos com que um invisual e um deficiente físico se deparam no dia-a-dia, na cidade de Coimbra. Contudo nem todos baixam os braços.
Coimbra é uma boa cidade para se viver, mas que ainda tem muitos obstáculos arquitectónicos . É com esta percepção que José Francisco ilustra as dificuldades com que os cegos se deparam. Todos podemos contribuir para uma cidade sem barreiras, afirma. José Francisco, presidente da delegação Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO), na região centro, não desiste de alertar a população, para os problemas com que muitos invisuais se deparam.
Andar na rua sozinho torna-se uma aventura. Os passeios demasiado altos e ocupados com carros, a falta de sinalização sonora nos semáforos, passadeiras sem pavimento diferente e sem rampas de acesso ou as muitas obras, que deixam as ruas esburacadas, são entraves para que os cegos se desloquem de forma autónoma.
Há algum tempo a Câmara Municipal de Coimbra (CMC) distribuiu bips individuais que indicam quando os semáforos mudam de cor, mas nem todos funcionam ou o nível de som é imperceptível, alerta José Francisco.
A associação, para além de tentar integrar os invisuais, procura sensibilizar a sociedade para este tipo de problemas. À semelhança dos objectivos nacionais da associação, a delegação centro da ACAPO procura ajudar os cegos a entrar no mercado de trabalho, promove cursos de informática e apoia os sócios no acesso a actividades culturais, recreativas e desportivas.
José Francisco, no seu ar calmo, lembra o que se tem feito, mas lamenta a falta de meios que impossibilita o desenvolvimento de um trabalho mais completo.
Gostaríamos de fazer muito mais, mas as condições não o permitem, confessa.
Apoiado na bengala que o guia para todo o lado, explica que, muitas vezes o problema é que as pessoas não cumprem a legislação. E dá um exemplo: Há prédios recentes, que não têm mais de quatro anos, sem qualquer rampa de acesso.
Sensibilizar e alertar
A vontade não falta. A ACAPO conta já com 18 anos de existência e em Coimbra prepara-se para comemorar o 15.º aniversário, no próximo dia 15 de Outubro.
Temos apostado em campanhas, a Feira Social da Mobilidade e Acessibilidade, no passado dia 3 e 4 de Julho, teve muito sucesso, relembra José Francisco.
O presidente da delegação centro da ACAPO não fica for aqui e não tem qualquer dúvida em afirmar que hoje e cada vez mais, é necessário o alerta para situações de discriminação. Estacionar o carro ou a mota no devido lugar, evitar colocar vasos, caixas e outros objectos em frente do estabelecimento, principalmente se o passeio for estreito. Sem esquecer ainda de chamar a atenção das autarquias para pavimentos em mau estado ou até mesmo verificar se as portadas ou grades das janelas não representam um perigo para os peões, são alguns pequenos passos a seguir. A autarquia tem feito um esforço considerável em sensibilizar e em implementar medidas que facilitem alguns acessos, menciona José Francisco. Apesar de os constantes avisos à CMC, os problemas não são apenas da câmara, são de todos nós, é um problema civíco. Mas o alerta não fica por aqui. José Francisco recorda ainda que muitos dos autocarros dos SMTUC com som, que sinalizam as paragens, funcionam mal, ou não funcionam mesmo. Segundo o presidente da delegação centro da ACAPO, quando é feito o alerta ao condutor este desculpa-se que o problema é da central. Mas a realidade é que segundo o DIÁRIO AS BEIRAS pode apurar, existem cerca de seis autocarros dos SMTUC preparados com o som de aviso, contudo as linhas por onde passam, bem como os horários não estão bem identificados, e ao fim-de-semana, os mesmos não funcionam.
por Raquel Mesquita
Fonte: http://www.asbeiras.pt/index2.php?area=coimbra&numero=48329&ed=29082007
-
Partilhe no Facebook
no Twitter
- 2264 leituras