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Ensino especial com novos critérios de sinalização

por Lerparaver

Natália Ferraz

Valter Lemos, secretário de Estado da Educação: 'Acho lamentável querer rotular os jovens com dificuldades de aprendizagem'

O secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, revelou ao CM que já foram sinalizados no ensino público 25 mil alunos com deficiência e 35 mil com dificuldades de aprendizagem.

Desde o início deste ano lectivo, pela primeira vez os alunos dos apoios educativos foram divididos em dois grupos: os que têm necessidades educativas especiais e os que apresentam insucesso escolar. Uma divisão fulcral, segundo Valter Lemos: “Acho lamentável querer rotular os jovens com dificuldades de aprendizagem num quadro geral.”

O Governo espera terminar até ao fim deste ano lectivo o recenseamento dos casos individuais, por forma a obter um levantamento exaustivo das necessidades. Para isso, foram enviados formulários aos professores especializados, sinalizando separadamente os alunos com deficiência e os que têm insucesso escolar.

Quanto ao número de professores em falta, o governante considera que é cedo para fazer estimativas. Sabe-se, no entanto, que as maiores carências são sentidas pelos alunos cegos e autistas.

O Ministério da Educação já identificou cerca de 6500 docentes formados. Entre eles, “4000 são de certeza” especializados, garante o secretário de Estado. Destes, 2100 são efectivos e 1800 foram, este ano lectivo, destacados para o Ensino Especial. Dos restantes 2500 docentes, 550 estão destacados na intervenção precoce, 450 nas Instituições Particulares de Solidariedade Social e 1300 em crédito horário no 1.º Ciclo, para apoio educativo.

Apesar das explicações, subsistem divergências entre Governo e sindicatos. Vítor Gomes, coordenador do Ensino Especial da Fenprof, acusa o secretário de Estado da Educação de “escamotear a situação com uma guerra de números”. E invoca os dados do Observatório dos Apoios Educativos – órgão do próprio Ministério – que indicavam 45 mil alunos com deficiência e 12 mil com necessidades de aprendizagem, em 2005. Segundo diz, as discrepâncias de números “são manobras da tutela para ajustar o conceito de necessidades educativas, diminuindo o número de professores em falta”.

Pais querem clarificação

O presidente da Federação Regional de Lisboa das Associações de Pais (Ferlap), António Castela, disse ao CM que quando foi alterado o conceito de necessidades educativas especiais “o número de alunos foi efectivamente reduzido mas deixaram-se de fora situações particulares, como a dislexia ou a hiperactividade, em que é crucial um acompanhamento especial”. Para o presidente da Ferlap, o conceito de ‘escola inclusiva’ está a gerar opiniões contraditórias entre os pais e encarregados de educação: “Consideramos que este processo de separação das crianças com necessidades educativas especiais das do Ensino Especial deveria ser clarificado, embora nos pareça positivo. Só que nos cria a dúvida se algumas crianças que poderiam permanecer no ensino regular virão a ser enviadas para centros exteriores. Isto pode criar guetos discriminatórios.”

Os números avançados

- 25 mil alunos com deficiência ou necessidades de aprendizagem severas no ensino público

- 35 mil alunos com dificuldades de aprendizagem no ensino público que precisam de apoio

- 6500 professoreslcclc formados, embora nem todos sejam especializados

- 2155 professores colocados este ano no Ensino Especial são dos quadros, com especialização

- 1800 professores foram destacados, este ano lectivo, para o Ensino Especial

- 550 professores foram destacados para a intervenção precoce com crianças até aos seis anos

- 1300 professores em crédito horário nas escolas de 1.º Ciclo em apoio educativo

Bruno Contreiras Mateus

Fonte: http://www.correiomanha.pt