A partir de 2009, Portimão vai ser uma cidade mais acessível. A pensar naqueles que têm maiores dificuldades de mobilidade, a Câmara Municipal vai criar uma rota acessível que será pioneira a nível nacional, tendo também criado o Cartão Municipal da Pessoa Portadora de Deficiência.
O percurso, que foi apresentado a 3 de Dezembro, Dia Internacional da Pessoa Portadora de Deficiência, vai ter cerca de cinco quilómetros e passará pelos principais pontos da cidade, quer em termos funcionais, quer turísticos, como a Câmara Municipal, os Correios, o Auditório, o Cinema, a Polícia, a Biblioteca, o Museu ou a Marginal.
«As cidades têm muitas barreiras e esta é uma forma mais ou menos mágica de resolver algumas destas situações», explicou Paula Teles, presidente do Instituto de Cidades e Vilas com Mobilidade, que marcou presença na cerimónia de apresentação.
A rota, com 1,20 metros de largura, que vai estar assinalada no pavimento a amarelo ocre, terá também, segundo Paula Teles, «um trabalho pedagógico, a nível de transmissão que aquele caminho é seguro e, certamente, vai ser muito utilizado intuitivamente pelo maior conforto que aquele piso proporciona».
Além de utentes com dificuldades motoras, a rota acessível foi pensada também para invisuais, uma vez que, segundo esclareceu Paula Teles, «alguns cegos não o são totalmente e conseguem distinguir contrastes acentuados. Além disso, ao longo do percurso vão existir indicações em Braille».
Isabel Guerreiro, vereadora da Câmara Municipal de Portimão, congratulou-se com a criação desta rota que vai custar 350 mil euros e cujas obras terão início já no começo de 2009. A autarca relembrou ainda o trabalho que a autarquia tem realizado na área da acessibilidade, mas reconheceu que ainda existe muito a fazer.
«O Museu, o Teatro e a Biblioteca, que sofreu recentemente obras, já estão adaptados às necessidades de pessoas com mobilidade reduzida, mas continuamos a ter problemas, como no caso dos Paços do Concelho, que é um edifício antigo».
A vereadora, que adiantou que está a ser feito um estudo para incluir a questão da acessibilidade no PDM municipal, apresentou ainda o Cartão Municipal da Pessoa Portadora de Deficiência. O documento permite o acesso ao serviço Portimão Solidário, que envia apoio domiciliário para realização de pequenos arranjos domésticos a casa de quem precisa.
Além deste serviço, os portadores deste cartão beneficiarão ainda de descontos em várias lojas de comércio tradicional, bem como em vários serviços da responsabilidade do município.
Barreiras à mobilidade existem e estão em toda a parte
Quem se desloca sem problemas pelas ruas da cidade de Portimão não repara nas barreiras intransponíveis que existem para quem circula, por exemplo, numa cadeira de rodas.
João Nunes, que ficou com a mobilidade reduzida devido a um acidente, marcou presença na apresentação da Rota Acessível e do Cartão Municipal para Pessoas portadoras de Deficiência e, apesar de estar «feliz e agradecido» pelas iniciativas da Câmara Municipal, apontou algumas das principais lacunas a nível de acessibilidade que existem na cidade.
Para João Nunes, «existem faltas nos transportes públicos. No Vai e Vem não é possível subir em todas as paragens, pois nem todas estão preparadas para permitir a entrada de uma cadeira de rodas».
Mas as críticas não se ficam por aqui, uma vez que, segundo ele, «não existem sinais sonoros nos semáforos para os invisuais, há poucas casas de banho adaptadas no centro da cidade e o estacionamento em cima do passeio é uma falta de respeito. Por exemplo, na Rua do Cemitério, temos que ir para o meio da estrada».
Por outro lado, defendeu, «não existem acessos para as praias. Quem vem de férias no Verão arrisca-se a ficar num hotel fechado, porque tem uma missão impossível de conseguir aceder à praia», relembra ainda João Nunes.
Defendendo que as pessoas portadoras de deficiência devem ser ouvidas na construção de obras públicas, este munícipe mostra-se insatisfeito com o incumprimento da legislação. «Ela existe, mas não é respeitada», concluiu.
Veja todas as fotos (http://barlavento.online.pt/index.php/noticia?id=29022&tnid=3#)
Fonte: http://barlavento.online.pt/index.php/noticia?id=29022&tnid=3
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Comentários
Portador invisual
A ideia é excelente e de louvar. Mas o preenchimento de um requerimento ficará no mínimo ilariante:
O indivíduo Xxx, residente à rua yyy, portador do cartão de pessoa portadora de deficiência, invisual de nascença, mas cego não total....
Fica o máximo. não fica?
Realmente é de uma pessoa querer tornar-se invisual, quando lê tamanhas barbaridades!
Quando será que os jornalistas deste país irão perceber, de uma vez por todas, que invisual é aquilo que não se vê e não aquele que não vê, e que os deficientes não são CORREIO para andarem a portar nada?
Raios! lol