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Ó Marco, no início é tudo muito lindo e tudo parece muito fácil! Mas com o passar do tempo as coisas mudam. Os sentimento que pareciam sincero, verdadeiros desmoronam porque deixa-se de ter tempo para nós mesmos. Vivemos em função dessa pessoa, que nos ama mas que depende de nós até para as coisas mais simples do dia a dia! Tu és cego e ouves com a ajuda do implante coclear, mas consegues ter uma vida normal, sem dependeres dos outros para as coisas mais simples do dia a dia. Mas há pessoas que não têm a mesma sorte que tu, ou eu... dependem totalmente de terceiros. é claro que se o meu companheiro fosse dito normal e sofresse um acidente que o tornasse "inválido", eu jamais o abandonaria, mesmo que com o passar do tempo os meus sentimentos por ele se alterassem! Mas a situação desta mulher é diferente, ela sabia da doença do marido quando se casou com ele... ! Eu admiro a sua atitude, mas será que ela não se precipitou? Será que ela ainda o vê como homem por quem se apaixonou, ou como um ente querido que tem de cuidar? Sei lá... são perguntas que quem está do lado de fora coloca sempre!

Quanto à questão que puseste: Se eu ficasse "inválida" por qualquer razão, nãoaceitaria que o meu companheiro ficasse comigo, gostaria que seguisse a sua vida e não se sacrificasse por mim! Ficaria triste, mas faria tudo para vê-lo bem e feliz! Por isso o melhor seria a separação. Jamais iria prendê-lo por causa das minhas limitações! Ou achas que ele devia ficar comigo por pena, por sacrifício, ou porque prometeu no altar"...juntos na saúde e na doença..."etc? Nem pensar! Não quero limitar a vida de ninguém e se precisar de ajuda, arranjo uma enfermeira, certo?
Eu sei que vou ser severamente criticada pelas minhas palavras duras, mas realistas. É apenas a minha opinião, certo? A vida não pára, os anos passam...

Amigos Filipe, Céu e restantes:

Este tema tem muito pano para mangas! eheheh

Amores perfeitos não existem, assim como não existem pessoas perfeitas!

O Filipe disse uma grande verdade: todas as pessoas têm uma ou várias deficiências, um facto real e sem argumentos. Porque a deficiência é uma falta ou uma incapacidade específica que pode ou não ser superada com a utilização de ajudas técnicas ou de alternativas adaptativas.

No entanto, a pior das deficiências não são as do corpo, mas as do espírito. Porque uma pessoa ignorante, sem princípios éticos, mesquinha, com olhos só para o seu umbigo, cheia de vícios, arrogante, etc, é mil vezes mais deficiente do que uma pessoa cega, surda ou com deficiência mental.

Alguém disse que não sabia se seria capaz de viver com um companheiro com tantas limitações como as do João desta notícia que deve ter deixado as pessoas de boca aberta e a se perguntarem: como é possível?

E eu respondo-lhes: nada é impossível para quem conhece o verdadeiro significado da palavra amor.

É verdade que não deve ser fácil para uma mulher dita normal viver constantemente preocupada com a saúde delicada do marido e ser muito desgastante para ela ter de ajudá-lo em imensa coisa simples, como por exemplo, a caminhar.

A maioria das pessoas quando fica mais focada nas limitações da outra pessoa não vê o quanto aprende de gratificante com ela e o quanto o seu amor espontâneo é retribuído com alegria, apreço e reconhecimento. E essa mesma pessoa se estivesse no seu lugar faria o mesmo, porque o amor é um dar e receber sinceros.

É normal que muita gente se tenha esquecido deste pormenor importantíssimo.

Céu, imagina que tinhas um companheiro sem qualquer tipo de limitações que tem um acidente de viação e fica tretaplégico, surdocego ou com uma deficiência mental profunda. Continuarias a amá-lo ou cansar-te-ias do papel de enfermeira?

Ou imagina que, sem o saberes, uma doença hereditária ou um vírus qualquer te deixa num estado físico deplorável e que o teu companheiro, que jurou no altar amar-te na saúde e na doença, te abandona porque se sente incapaz ou porque se importa mais com o que os outros pensam do que com o que tu pensas e sentes.

Para mim antes de duas pessoas começarem uma relação amorosa há uma pergunta importante que deveriam fazer uma à outra:

Se eu um dia ficar com limitações continuarás a amar-me e estarás disposta a ficar ao meu lado mesmo que eu só te possa responder apertando-te a mão?

Outra pergunta seria:

Agora que te contei quais são as minhas limitações, tens a certeza que é comigo que queres namorar e casar?

Uma terceira pergunta que acho que fazia todo o sentido:

Mesmo que os teus pais sejam reticentes à nossa relação e te estejam a desencorajar direta ou indiretamente, tens a certeza de que irás manter a tua decisão até ao fim mesmo que eles e o mundo não a aprovem?

Isto porque, depois de terem uma conversa sincera e analisarem o que sentem um pelo outro, acho que estarão dispostos a assumir uma relação séria e duradoura.

O Filipe mais uma vez tem razão quando continua a afirmar que o amor para crescer estável e verdadeiro tem de ser sincero e forte, porque sem isso não vai para a frente.

E a Céu disse uma coisa que me deixou a pensar: o amor verdadeiro supera os limites. Será isso um amor incondicional e ilimitado? Tirando os nossos filhos, pais e irmãos, quantas pessoas são capazes de uma entrega total a outra? Quantas pessoas dão sem exigir nada em troca? Quantas pessoas estão dispostas a pôr as mãos no fogo por outra? E quantas pessoas sabem perdoar?

Perdoei todas as pessoas e foi com elas que aprendi a dar mais valor a mim. Não lhes guardo ressentimento mas gratidão, porque hoje reconheço o quanto foram valiosas as coisas que aprendi com elas. E não foi por acaso que nos cruzámos nesta vida.

Sinto-me capaz de amar incondicionalmente uma mulher tanto saudável como com muitas limitações, porque o que importa é que o nosso amor seja sincero e nos sintamos completos.

Nem a doença, a distância geográfica, a incredulidade dos outros e dos que nos são próximos, nem nada deste mundo me fariam desistir dela!

O simples facto de estar junto dela, de mãos dadas e em silêncio já fariam de mim um homem muito feliz. O acordar com ela ao meu lado também seria a melhor coisa que o dia me podia dar.

Eis o amor, que está nos pequenos gestos e nas coisas mais simples que se tornam as mais belas da nossa vida. Não custa nada e é como o Filipe diz: deixa o teu coração falar.

Pensem nisto.

Abreijos

Ok...ponho a questão de uma forma mais fria: Será que ela o ama, ou não estará a confundir amor com admiração? Será que ela não vai ter saudades de uma vida mais sossegada, sem as tais preocupações com a saúde dele? Ela vive para ele... mas não se estará a esquecer de viver, de pensar em si? Ela será feliz com a vida que leva? Será que um dia ela não se vai arrepender e depois será tarde demais? Acho um erro terem-se casado nestas circunstâncias...deveriam ter pensado muito bem antes de darem um passo tão grande, mas é apenas a opinião de quem está do lado de fora, ok?

É um casal determinado e muito corajoso! O amor não conhece limites, desde que seja verdadeiro entre ambas as partes. E acredito que o amor que ela sente por ele é real, superará com ele todas as dificuldades!

Mas sem querer ofender ninguém, fico impressionada com a coragem dela em aceitar alguém assim, com tantas limitações! Eu admito que hoje não teria essa coragem...pensaria duas vezes numa possível relação destas, porque não deve ser nada fácil conviver diariamente com esta doença! Ela deve andar sempre com o coração nas mãos...
Há pessoas que me surpreendem pela sua coragem e grande sacrifício. Eu sou sincera...não aguentaria!