Comentários efectuados por Marco Poeta
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Olá Tixa!
Sou da mesma opinião que tu, que este artigo está óptimo!
Acho engraçado como aprendemos só passando pelas coisas e sentindo-as como elas são importantes para o nosso crescimento. Não quero dizer que seja tudo engraçado, mas o teu episódio foi de facto cómico. A Dona Patrícia armada em valente e catrapum! volta à Terra! lol!
Entendo que te tenha sido difícil no início, mas isso é normal, é uma fase do nosso crescimento e da nossa aceitação que é o contrário da resignação.
Acabaste por aceitar-te, não como uma pessoa limitada, mas uma pessoa consciente do seu valor e importância da tua independência.
O meu sentimento quando toquei a bengala foi de excitação de andar sozinho, porque não o conseguia e era chatíssimo depender dos outros até para ir à casa de banho!
Mas a minha família quando eu lhes mostrei a bengala não teve a reacção que eu esperava... Ficou triste e não me deu o seu contentamento, apenas a minha irmã mais nova que era apenas uma criança.
Foi uma autêntica guerra entre mim e a minha mãe, que fazia uma grande cena para eu não levar a bengala para a rua. Ela tinha imensa vergonha de admitir o que o filho era, e dizia coisas que me desanimavam, do tipo que a bengala só fazia estorvo...
Agora já a aceita melhor, mas não completamente.
As aulas de mobilidade eram feitas com um Marco um pouco nervoso e despistado, de ombros contraídos e receosos. Gradualmente, fui ganhando confiança em mim e "cagava" para o que os outros pensassem: "Lá vai o ceguinho". Porque a bengala significava para mim liberdade e eu odiava estar sempre preso a quem quer que fosse. Queria estar solto como o vento, palmilhar as ruas como Cesário Verde costumava fazer, sentar-me num morro de terra ladeado pelas árvores e pela Natureza palpitante de vida!
E tive de lutar para não chorar ao sentir-me demasiado protegido pela família que não compreendia o meu sonho de liberdade.
Olha, continuo sem conseguir... Já te tentei dizer "olá" mas parece que não recebeste nada.
É capaz de ser algum problema do meu PC, talvez do meus msn não ser uma versão compatível com a tua. Sendo assim, terei de criar uma conta no live, ou actualizar o meu msn, mas isso terá de ficar para amanhã porque não sei criar contas no live, mas a minha irmã sabe e vou pedir-lhe que me ajude.
Se o problema persistir, terei de falar com um amigo técnico de informática.
O endereço que te dei está bem, mas em vez de "live" é "hotmail" e se calhar é por isso que estamos desencontrados. Lol!
Beijinhos
Mas eu já te vejo nos meus contactos... até o teu nome e que estás neste momento ocupada...
Vou tentar descobrir o que se passa.
Bjs
Oi Tixa!!!
Obrigado, jantei e quando acabei parecia uma bola loool!
Olha, já te adicionei ao msn e está tudo bem!
Eu também tenho o skype mas precisa de ser configurado... Mas assim que estiver ok eu aviso-te que também poderemos conversar por voz, e peço-te que fales com calma e que tenhas um bocadinho de paciência se eu não perceber à primeira.
Sim, eu reparei que me enviaste uma notícia que me deixou empolgado sobre 1 concurso do INR.
Obrigado, vou lê-lo e depois digo-te qualquer coisa.
Eheheh, vamos ajudar-nos um ao outro, nada mais gratificante na amizade!
Beijinhos
Foi sorte Tixa e se não fosse ela acho que dificilmente teria resultados tão bons...
Mas fico na mesma triste, porque é com o Excel e não com o SPSS que nós podemos ser independentes e auto-realizados, mas não compreendo por que é que nos obrigam a utilizar programas que neun sequer nos estão a ajudar mas antes a desmotivar. Isto é porque ignoram quem somos e quais as nossas necessidades, e tratam-nos como os outros que não têm as limitações sensoriais que temos.
Fico triste Tixa, nem imaginas a tristeza que me causa o facto de os estudantes cegos serem obrigados a fazer coisas que nem sequer fazem sentido e que nem poderão sozinhos ser o mais autónomos possível. Não sei se são egocêntricos ou se não há uma verdadeira inclusão no ensino superior, mas sim que persiste uma cultura de exclusão que nos faz sofrer inutilmente...
Mas olha, se quiseres posso dar-te tudo o que tenho apontado sobre as aulas de SPSS e tenho um manual que talvez te possa ajudar. Mas... o mais importante ´q que o teu professor te explique o que tu não podes ver, mas que podes compreender ao mesmo tempo que treinas.
Muitos beijinhos e vou adicionar-te no meu msn.
Como estava a dizer, no segundo ano tive um novo professor que me obrigou a aprender SPSS como os meus colegas e que se mostrou inflexível em relação a eu lhe entregar trabalhos teóricos por escrito ou em utilizar o Excel, que era mil vezes mais acessível do que o SPSS...
Era para mim um autêntico problema, porque o professor dva a aula a todos os meus colegas e não tinha tempo para mim, cujas dificuldades eram bem maiores. Pior ainda, o professor falava ao mesmo tempo que utilizava o SPSS e eu não conseguia só de ouvido perceber o que estavam a fazer. Ficava a fazer esforços desesperados para entender alguma coisa que ele dizia, mas nunca conseguia entender verdadeiramente, e portanto sentia-me tão mal, quase com vontade de chorar, de abanar aquele homem de cabeça dura, porque eu queria aprender como os outros mas naquelas condições não estava a dar certo.
A minha amiga Joana que via mal e tinha colegas cegos na faculdade onde estava disse-me que eles só faziam a parte teórica, ficando a parte prática sossegada. Fiquei mais aliviado ao saber que não era o único.
No entanto, o meu professor parecia não saber o que fazer comigo. Todos os dias tinha uma nva ideia mas no dia seguinte já se tinha esquecido e ficava perplexo quando me via na aula como se me visse pela primeira vez.
Fiz-lhe novamente o pedido de só fazer a parte teórica mas ele era muito casmurro e disse que eu tinha de aprender estatística com o SPSS, porque iria precisar na minha tese e ele estava convicto que me podia ensinar. Tinha um colega cego (que era o professor Jorge Almada do ISPA) e disse-me que ia falar com ele. O professor Almada só podia fazer os seus trabalhos de Estatística porque tinha a sua mãe a quem dava os comandos. Portanto, o meu professor insistiu que eu devia fazer o mesmo e pediu que a minha assistente também fosse às aulas aprender SPSS comigo, mas isso não fazia parte das suas funções. O professor estava a tentar passar o problema para os outros em vez de tentar ele próprio uma maneira de me ensinar.
Tive de aprender teoricamente alguns comandos com o SPSS, mas era tão difícil estar a ouvir o professor sem poder ver nada que senti-me desmoralizado. Pior ainda me senti quando fiz a minha primeira frequência na qual ia ter quase 0 valores. Isso era prova que não estava a aprender daquela maneira como o meu professor estava a insistir.
Resolvi expôr o problema ao coordenador da cadeira de estatística e pedi-lhe para mudar de professor. Enquanto isso, eu tinha já falado com algumas pessoas sobre o facto de o SPSS ser um programa incompatível com o Jaws e com a linha braille. Um técnico que trabalhava com as ajudas específicas para cegos opinou que o Excel era excelente para mim. O problema era a questão de terem de fazer algumas alterações e adaptações do meu currículo e do programa da cadeira de estatística, mas não o fizeram, talvez porque não queriam dar-me essa oportunidade por receios... De mim? Dos outros?
O meu pedido foi satisfeito e transferi-me para a turma do professor Lopes. Aconteceu uma coisa fantástica que iria ser exactamente o que eu estava a precisar embora tenha sido por sorte. As aulas eram a manhã toda de sexta-feira e a minha turma como queria ficar com a sexra livre, pediu para ter aulas à terça-feira. No entanto, aquilo interferia com as minhas aulas e assim eu teria de voltar para o professor inflexível de que detestava. Voltei a falar com o coordenador da cadeira a fim de tentar ficar com o professor Lopes, e ele brincou comigo ao dizer que ia ficar com o professor Branco de quem eu detestava.
Tive sorte e fiquei com o professor Lopes e à sexta-feira, mas a turma desapareceu e fiquei com o professor só para mim! Assim, com ele sentado ao meu lado e a deixar-me escrever tudo o que eu queria, eu aprendi a gostar de Estatística e do SPss em particular. Ele era fixe, muito fixe mesmo, eu não lhe fazia a menor confusão usar a minha mão para me explicar a curva normal de Gauss.
Aprendia bem e na primeira frequência saquei um vitorioso 16! Na linha braille e com o Jaws era possível ler os menus e alternar entre as opções e as caixinhas, mas o pior era que os valores ficavam impossíveis de ligar com os nomes que eu lia... Por isso, apenas aprndi a fazer alguns comandos e a decidir quais as instruções a dar (que o meu professor ou a minha assistente obedeciam eheheheh!). E na segunda frequência que me correu mais ou menos fiquei admirado e feliz ao obter outro 16!
Estava feliz e com vontade de aprender mais e o meu professor era bem humorado e muito competente, porque até comigo aprendeu e era muito flexível deixando-me anotar tudo e dizer disparates (erros) sem se enfadar.
Desculpa, estou a fazer por partes porque pode ser que de repente a minha net se desligue ou outra chatice se passe.
Eu no primeiro ano tive logo estatística, mas passei com 11 valores, porque apenas fiz 2 trabalhos escritos e teóricos. Isto porque na prática tinha de utilizar o SPSS e como não estava nada acessível, o professor dispensou das aulas, embora dando-me uma nota bastante modesta.
Ora, no segundo ano tive um novo professor que já ias nos seus 50 anos e que adorava cachimbo, além de ser irónico connosco.
Agora vou jantar, já volto.
Olá de novo! lool!
Olha Tixa, também eu tive 3 anos de estatística todas com o SPSS, um programa de estatística super acessível para os cegos! Sei que estou a ser irónico, mas é verdade, esse programa suga-nos muito a motivação e deixa-nos com muita neura.
Mas antes de te falar da minha experiência, queria dizer-te que estou na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, que, apesar de ser privada, concede bolsas a estudantes incluindo com deficiência. Contudo, a desvantagem é que não possui um centro de apoio ao estudante com deficiência.... Mas quem sabe que depois da minha passagem por lá e agora que apareceu ouyro rapaz cego eles comecem a pensar na inclusão ao ensino superior.
A Lusófona tem todos os cursos de Psicologia, e um específico para questões forenses e de Exclusão social.
Continua a ler.
Olá Tixa!
Estive mesmo à bocadinho a escrever-te um longo testamento quando a minha net ficou doida e perdi i o qu tinha escrito... Paciência, mas vou voltar a responder-te, até porque quero e não o faço só para estar a agradar a alguém.
Compreendo-te bem Tixa, mas pensa sempre positivo, porque se fores a ver bem a minha licenciatura não era Psicologia específica, mas Psicologia mais no Geral. Depois e se tiveres ainda força de vontade e podes fazer o teu mestrado em Psicologia Clínica numa outra universidade.
Agora vou partilhar contigo a minha experiência na estatística e ao mesmo tempo vou tetar ajudar-te com o que puder.
Continua a ler.
Olá Tixa!
Fico contente por o meu testemunho te ter ajudado a nunca desistires por muito difícil que seja. Não te disse, mas também sou um fã do Fernando Pessoa e do seu heterónimo Alberto Caeiro.
Tens-me a mim como amigo para te ajudar no teu curso, todos os livros que eu tenho te posso dar com todo o gosto! Porque quero que tu realizes o teu sonho e não deixes de te sentir alguém em permanente crescimento interior. Tens todos aqueles que estão a teu lado, dispostos a que vás em frente e não estejas a agradecer-lhes por isso, porque a tua felicidade reflecte a sua felicidade, e é com verdadeiro apoio que eles te são únicos!
Temos de falar, mas olha, não te encontro no meu msn... Além disso, não vou lá muitas vezes, porque gosto mais de estar fisicamente com os amigos.
Olha, eu adorei o meu curso de Psicologia, tal como estou a gostar muito do meu mestrado de Psicologia da Educação.
Quando estava desmoralizado por causa da falta de adaptações no meu curso, pensei que tinha escolhido o curso errado e que a minha vida profissional iria ser bem complicada, porque além de cego era surdo e tinha algumas dificuldades em ouvir (apesar de fazer esforços). Mas tenho continuado e tenho de aproveitar e não me queixar apenas do que é difícil, porque sabes que quando estamos stressados não conseguimos raciocinar numa saída para os problemas. Também com o tempo vais encontrando ferramentas que te vão abrir muitas janelas e portas, áreas em que é muito competente, assim como a tua postura com os outros será muito mais de aceitação e de empatia.
Acredito plenamente nas tuas capacidades e que vais conseguir, mesmo que nas horas mais atribuladas te dê ganas de ficares à sombra da bananeira e esquecer a tua luta.
Olha Tixa, se já reparaste sou um fã da Helen Keller e do Louis Braille, já para não falar dos poetas Cesário Verde e Fernando Pessoa. São eles que me dão forças para continuar em frente, a não parar nunca, porque é como o tubarão se para de nadar morre.
Fica bem e estou sempre por aqui caso preccises de mim, de uma palavra de conforto, coragem e de amizade.
Beijinhos e acredita que consegues como eu acredito que se consegui muitas coisas na minha vida também vou conseguir amanhã.
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