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Comentários efectuados por Marco Poeta

  • Marco Poeta comentou a entrada "O Braille na Minha Vida“O acesso à comunicação no seu sentido mais lato é o acesso ao conhecimento e este é de importância vital" à 14 anos 11 meses atrás

    Olá querida Céu!

    Eu devia ter feito como tu: ter aprendido Braille mais cedo e enquanto o meu olhito tinha alguns resíduos. Mas eu usava e abusava da minha pouca visão para jogar computador, desenhar à luz forte do Sol e estudar para sacar boas notas. Ao contrário de ti, recusei o Braille durante quase um ano porque não queria que pensassem que eu era cego. Eu não preservei nada a minha vista com o Braille e quando finalmente dei por isso já era demasiado tarde.

    Agora tinha de aprender Braille a sério se queria continuar a ler e a escrever que eu tanto me entretinha. Tal como tu eu sempre adorei ler e sem o Braille como poderia sentir o prazer de um bom romance de aventura? E claro, queria sacar boas notas, muitas vezes para ser o melhor da turma, o que eu conseguia ser.

    Comecei a usar e a abusar do Braille. Todos os dias escrevia e lia de dia até noite, numa febre de conhecer e de me manter actualizado. Porque além de não enxergar, não dispunha da audição e muita coisa vital passava-me ao lado.

    Durante muitos anos os livros foram os meus melhores amigos e a única maneira de estar informado.

    Hoje vivo inteiramente para o Braille, mas é um abuso depois de recuperar a audição não me habituar também ao jaws para estimular a audição.

    Céu, fico feliz por sentires prazer com os teus dedos porque quando eu leio com os meus é como se estivesse a viver um outro mundo cheio de imagem, cor, som, sensação e emoção. Os pontinhos para quem enxerga faz muita confusão e deve ter sido por isso que a tua professora de Braille pensou que não ias aprender. Mas ainda bem que conseguiste e que tomaste a decisão de preservar o teu olhinho que muito jeito te faz no dia-a-dia. Eu, infelizmente, não posso fazer o mesmo. O que posso fazer é agarrar-me ao Braille que tanto me tem ajudado a ser feliz!

    Adoro-te, muitos beijinhos e lê sempre Braille!

  • Marco Poeta comentou a entrada " Comissão Europeia quer premiar cidades acessíveis " à 14 anos 11 meses atrás

    Olá Céu !!!

    Iniciativas como esta são formas de procurar incrementar a acessibilidade urbana, uma realidade negligenciada pelas autarquias das cidades por onde circulam diariamente dezenas ou centenas de pessoas com deficiência. Quando as barreiras arquitectónicas são muitas as mesmas vêem-se forçadas a ficar isoladas em casa ou a depender dos outros... Mesmo nas cidades de média dimensão as barreiras à acessibilidade são visíveis, seja nos centros de saúde, seja a calçada cheia de buracos e canteiros de terra sem nada à volta... e os semáforos sem som... talvez seja mais barato para o Estado irmos parar ao hospital do que colocar uma porra de apitos nos semáforos!

    Espero que com incentivos destes as pessoas com deficiência sensorial e motora sejam o máximo possível de autónomas e que se orgulhem da sua cidade.

  • Marco Poeta comentou a entrada "Como organizar um site acessível ?" à 14 anos 11 meses atrás

    A Internet e as Tecnologias de Apoio

    Amigos,

    Esta questão da Acessibilidade Electrónica não pode ser encarada como uma simples utopia nem deixada dentro da gaveta. A vossa opinião e experiência são imprescindíveis e exijo que colaborem neste debate com soluções práticas.

    Temos já duas pessoas dentro da área da informática que são o José Filipe e o Jevo. Estes sim, parecem-me procurar soluções práticas mas que sem a nossa colaboração sozinhos não podem adivinhar quais as nossas dificuldades e necessidades quotidianas enquanto cibernautas. Basta-nos ter o mínimo de experiência e não temos de nos inibir.

    Se nada fizermos é o mesmo que termos deixado prevalecer aquele discurso de que o cego é um coitadinho e que devo ir à boleia para todo o lado de quem enxerga.

    Somos um paóis teoricamente magnifico, com 5000 projectos de inclusão que dão milhões de euros para o bolso de quem tanto apregoa a inclusão mas que se deixa ficar pelas aparências e pela inércia. Por culpa do excesso de sites inacessíveis muitas pessoas são infoexcluídas e incapacitadas…

    Foram, como é do nosso conhecimento, o aparecimento dos sintetizadores de voz e posteriormente do Terminal Braille que demos um passo a gigante na nossa inclusão. No entanto, o aperfeiçoamento das tevnologias de apoio às necessidades reais das pessoas com DV veio permitir um melhor acesso à informação, inclusive a Internet. Mas… a Internet é como uma grande maquino impossível de controlar e de se tornar o sonho de muitos cegos, visto que mais de 50% dos sites criados são de péssima qualidade e não obedecem a critérios de acessibilidade. Citemos exemplos de sites, que na minha opinião são de difícil acesso: o Gmail, o Blogger, o Facebook, sites de jornais com flash embebido, páginas gif ou jpg totalmente inacessíveis, sites com formato powerpoint ou página html que dão especial relevância à imagem. Citemos agora cites de grande qualidade: lerparaver, Universidad de Salamanca INICO, Bengala Legal, ACAPO, Ajudas.com e INR.

    Depreende-se, pois, que são sites específicos versados na deficiência que são acessíveis. Mas e os sites públicos e imprescindíveis a todos os cidadãos? É nestes sites que se devia pensar e esqueçamos os sites que só servem para vender publicidade de marca porque o que lhes interessa não são as pessoas e os seus problem,as mas sim o dinheiro e o prestígio. Pensemos nos sites que mais necessidade têm no nosso dia-a-dia.

    Deixo aberto este debate que não pode cair no esquecimento ou estaremos todos a deixar passar as oportunidades sem as agarrarmos….

  • Marco Poeta comentou a entrada "Como organizar um site acessível ?" à 14 anos 11 meses atrás

    Olá Filipe !!!

    Ainda bem que colocaste uma questão que é comum para todos nós. Pena eu ser um leigo no que diz respeito à organização de sites totalmente acessíveis... No entanto, posso falar das minhas dificuldades em aceder a grande parte dos sites da net cujos formatos não são compatíveis com a minha Linha Braille ou com o Jaws.

    Os formatos que são de difícil navegação e que contêm demasiada publicidade são o html, o ppt e o pdf... e aqueles sites com flash também são outro verdadeiro problema à acessibilidade. Na minha opinião as imagens deviam só ser mostradas se a pessoa as quisesse ver, premindo o link ou index para abrir a imagem. Porque o texto é o mais importante e que devia estar no formato de texto contínuo e sem tabelas ou colunas. Mas como os sites comerciais recorrem à multimédia para tornar o seu site atractivo aos clientes, a acessibilidade para as pessoas portadoras de DV é uma preocupação menor ou que eu me atrevo mesmo a dizer desconhece-se muito as necessidades específicas (eu detesto a palavra "especiais" porque parece que se está a falar de um ser humano diferente).

    Estou do teu lado Filipe, e até gostaria que pensássemos em conjunto que de facto para se criar um site acessível e inclusivo se tem de pensar em todos, normovisuais e deficientes visuais. O LERPARAVER constitui um bom exemplo de um site acessível e fácil de utilizar, porque nunca até hoje tive problemas com ele. Este site devia servir de inspiração para a criação de futuros sites.

    Quero antes de ficar por aqui perguntar a quem me souber responder se já existe uma legislação que obriga a que os sites de importância vital para todos vão ter de passar a ter em conta outras necessidades dos utilizadores? E se me responderem que sim ou que não, eu pergunto: Onde está a verdadeira inclusão de que tanto se fala até por aqui? Haverá vontade da parte de todos para colaborarem com o Filipe ou com quem está preocupado com a acessibilidade e quer soluções palpáveis?

    Abraço

  • Marco Poeta comentou a entrada "Apresentação:" à 14 anos 11 meses atrás

    Olá Rita!

    Passei pelo teu blog de propósito para saber um pouco de ti.

    Gostei da tua breve apresentação.

    Felicidades

  • Marco Poeta comentou a entrada "Se tu percebesses..." à 14 anos 11 meses atrás

    Olá Rita !

    Terei todo o prazer em te conhecer. Já te adicionei e deixo-te aqui o meu contacto de email e msn:

    marbranco222@hotmail.com

    Quando quiseres falar comigo envia-me um mail ou podes dizer uma hora para conversarmos no msn.

    Beijinhos

  • Marco Poeta comentou a entrada "Apaguem as luzes e vamos a isto!" à 14 anos 11 meses atrás

    Caro Filipe

    Tenho estado a ler as suas opiniões e como deficiente visual e auditivo estou de acordo com o que afirma e que de certo modo nos faz reflectir nas nossas dificuldades diárias.

    Para começar, eu procuro como o Filipe soluções mais práticas do que os jantares e as missas às escuras. Estes eventos não abrangem as dificuldades reais sentidas pelas pessoas deficientes visuais, não são de facto as soluções para os nossos problemas. Sensibilizar parece-me em todos os projectos muito bonito na teoria mas quem os põe em prática não são as verdadeiras pessoas que enfrentam a realidade... Eu já fui a alguns seminários e as pessoas que realmente sabiam do que estavam a falar tinham uma deficiência. Os que eram ditos normais pareciam que estavam a falar de temas que nem na prática sabem o que são.

    Portanto, eu estou do lado do Filipe Azevedo

    Cumprimentos

  • Marco Poeta comentou a entrada "Apaguem as luzes e vamos a isto!" à 14 anos 11 meses atrás

    Olá Querida Maria!

    Sabe Maria, eu fico sempre fascinado com pessoas com uma grande determinação seja no que dizem seja no que fazem. São pessoas que têm bem definidos os seus princípios e valores pelos quais lutam com lealdade e frontalidade. A Maria é advogada e isso faz jus com a sua personalidade e com as suas convicções, lol! Eu escolhi a Psicologia por necessidade de encontrar respostas para as minhas dúvidas e porque a minha personalidade está voltada para as questões da existência e da felicidade. Tanto eu como a Maria temos profissões que contribuem para uma sociedade melhor, em que as pessoas vêem reconhecidos os seus direitos e se auto-realizam com plenitude.

    Oh Maria para se ser sobredotado é necessário além de se ser inteligente numa determinada área do saber, muitíssimo persistente e criativo. Eu estudei a sobredotação e talvez nas letras eu tenha uma capacidade que me permite destacar-me do resto dos colegas, e que a minha motivação seja mais intrinseca do que a busca de reconhecimento, mas nunca fiz nada de inovador nem tive ideias divergentes. Mas acontece que algumas crianças com essa capacidade de sobredotação se conformem com o sistema escolar tradicional e ninguém repare nelas. Além disso, sou péssimo a Matemática, nunca evidenciei sinais de precocidade na linguagem ou noutros aspectos...

    Está a ver como sou um jovem talentoso e não sobredotado? Há quem faça confusão com talento, sobredotação e QI elevado. Louis Braille era sobredotado, Homero, Helen Keller, Milton... Pode-se ser sobredotado em qualquer área do conhecimento desde que haja inovação e ôs sujeitos tenham um grande destaque pelo seu brilhantismo.
    Obrigado pela definição de menino indigo. Quem me dera ser um menino que transporta dentro de si a mudança e que não está nada satisfeito com os valores inquestionáveis e o adormecimento da sociedade. São meninos que querem algo de novo e que está por se fazer mas que o emtorpecimento da alma constitui um obstáculo à mudança. Serão crianças com uma missão que não deve ser impedida pois essa missão é para toda a humanidade poder evoluir cada vez melhor.

    Não sei o que sou Maria, confesso-lhe que tenho um bocadinho de cada coisa mas que não me considero especial apesar de os outros acharem que sim, que tenho uma força de vontade admirável, um sentir as coisas muito intenso e original, um jeito fantástico para a poesia, um sorriso muito natural que me aflora aos lábios sem eu conseguir impedi-lo, que escuto o meu coração a toda a hora e sei como ele se sente e o que me diz que faça. E porque será que Deus não quis que eu morresse no acidente? Porque queria Ele que eu sofresse tudo com coragem e ainda por cima era uma criança com apenas 8 anos?

    Este é um mistério muito grande e olhe Maria sou uma pessoa feliz e tenho o sinal de uma folha de amoreira por cima do coração. É mesmo uma folha que quando a minha mãe estava grávida trabalhava na escola primária e sem o notar uma folha de amoreira foi-lhe cair no peito em cheio no coração!

    Beijinhos e já é muito tarde, lol! Vou dormir

  • Marco Poeta comentou a entrada "Apaguem as luzes e vamos a isto!" à 14 anos 11 meses atrás

    Olá querida Maria!

    É um prazer falar consigo! Vejo que tenho uma pessoa muito determinada à minha frente, com garra e frontalidade. Realmente a Maria encara as coisas de frente e parece não desistir quando é convicta. Por mim, sinto que é uma pessoa muito convicta e que nunca perde uma oportunidade para tentar. Acertei?

    Oh Maria, para se aguentar o mundo académico e o mestrado não é obrigatório ser-se sobredotado ou um menino índigo. Mas fico curioso desde já sobre o que é um menino índigo? Sobredotado isso eu sei que não sou, porque se formos a ver bem, sempre fui um aluno médio e às vezes brilhante, mas isso era muito raro. Ganhei prémios de literatura, é verdade, um foi o Concurso de Texto Inclusivo Assis Milton 2007, e outro foi o Ensaio Braille Onkyo também em 2007, e o último foi de escola.

    Pode crer Maria, tive de ser muito persistente e aguentar o stress e as frustrações perante as inacessibilidades. Não me resigno e quero, ou melhor exijo, que se faça alguma coisa, porque o conformismo que hoje se vive no ensino superior e fora dele é grande.

    Até não era má ideia fundarmos uma associação ou uma cooperativa!

    Beijinhos

  • Marco Poeta comentou a entrada "Apaguem as luzes e vamos a isto!" à 14 anos 11 meses atrás

    Olá Gato Silvestre! Fiquei satisfeito por ter notícias tuas!

    Olha, quero pedir-te desculpa pela minha atitude precipitada e idiota em achar que não se pode criticar nada neste país, e nos deixarmos ficar quietinhos e que sejam os outros a fazer o que acham melhor para nós... Espero que futuramente pense duas vezes antes de criticar alguém, pois estive a ler todos os comentários até agora e acho que quem tem mais bom senso é o Filipe Azevedo, que adoraria conhecer pessoalmente.

    É horrível ser-se arrogante com os outros e tratá-los com inferioridade. Isso é porque as pessoas não querem admitir que erraram, que têm defeitos como todos, e que as críticas dos outros estão sempre erradas. Deus me livre de ser assim!

    Olha, já nem quero saber do que a Srª Maria Dias diz, porque não há como fazê-la ver que isso dos jantares e missas às escuras não sensibilizam para os verdadeiros proble,as das pessoas com deficiência visual. Foi com a minha família que ouvimos a tal reportagem sobre o jantar às escuras, mas parece que quem está no lugar dos espectadores está a léguas de sentir na pele a realidade. Depois quem organiza os eventos são pessoas normovisuais que ignoram grande parte das nossas necessidades mais prementes e as experiências às escuras são feitas por curiosidade ou por uma brincadeira que é brincar aos cegos...

    Como disse, sou surdocego e muita pouca coisa ainda se tem feito na reabilitação dessas pessoas. Sou membro de uma Associação de Surdocegos que está em lento crescimento mas que será uma possibilidade para que a sociedade, sem traumas, saiba integrar plenamente estas pessoas, que nem sequer se lhes reconhecesse legalmente a deficiência como única.

    Obrigado por estares no meu lado e apoiares esta causa, pois se queres a minha opinião sincera a sociedade quer ser ela a fazer as coisas como acha melhor para os que são portadores de deficiência e já me quiseram limitar as escolhas como se eu não pudesse ter as mesmas coisas que os ditos normais. Tenho tantos exemplos, até mesmo na minha entrada para a universidade, a descrença dos outros, a falta de apoios, a acessibilidade na cidade era uma merda, os automóveis em cima do passeio de propósito para eu ter um acidente, a instituição de surdocegos que me acolheu a ganhar os louros e a fazer publicidade á minha custa. As muitas vezes que eu quando ia de bengala na rua sabia que me olhavam e falavam com compaixão ou admiração ... E porquê toda esta discussão das missas e dos jantares??? Quando é que nós nos unimos e lutamos por uma sociedade de todos sem discriminação...??? É um asurdo defender mais os jantares e as missas às escuras que são bens menores e que muito provavelmente reforçam o estigma da cegueira. É preciso fazer as coisas
    as claras e não no escuros (é uma metáfora).

    Também te apoio Gato Silvestre e não nos calaremos até terem compreendido que somos tão somente seres humanos que querem o nosso melhor e o dos outros, e que essas coisas das incapacidades todos têm e é uma completa estupidez tratar os outros como diferentes e que precisam do assistencialismo dos ditos normais.

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