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Comentários efectuados por Marco Poeta
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Eu e a Céu queremos felicitar o Daniel Serra e o António Silva pelo seu inestimável trabalho: o Lerparaver!
Somos utilizadores do Lerparaver há quase 2 anos e é incrível em como as nossas vidas mudaram em tão pouco tempo graças a ele! Hoje encaramos a vida de forma muito positiva graças aos testemunhos de coragem de muitos deficientes visuais!
Além disso, este é um dos poucos sites de língua portuguesa acessíveis e um espaço por excelência de partilha de experiências, uma forma de quebrarmos o silêncio e termos uma voz activa na mudança de mentalidades através da nossa contribuição que tem dado dinamismo ao portal, pioneiro na acessibilidade no mundo da informação e sensibilização na Internet em prol dos cidadãos com deficiência visual e até mesmo com outras deficiências.
Consideramo-nos filhos do Lerparaver e queremos que esta janela para o mundo se mantenha sempre aberta e ao alcance de todos!
O portal foi responsável pela nossa felicidade, porque sem ele eu e a Céu não estaríamos juntos e felizes!!!
Cumprimentos a todos!
Olá!
Eu recebo a revista "Poliedro" e "Rosa-dos-ventos" gratuitamente e há muitos anos.
Sei que para o ano vamos ter de pagar apenas 18 euros pela assinatura das duas revistas e esse dinheiro é para o ano todo. Teria sido má notícia se tivessemos de pagar todos os meses!
Existem alternativas, que podem ser, requisitar as revistas e os livros em Braille nas bibliotecas ou pesquisar informação atualizada na Internet.
Com esta crise, temos de poupar e procurar soluções ao invés de ficarmos desiludidos.
Caro Filipe,
Como deficientes visuais não gostamos de ser olhados pelos normovisuais como "debéis mentais", mas penso que o objectivo da reportagem não foi passar uma imagem negativa dos cegos, mas sim mostrar a grande ignorância de quem enxerga e não imagina como é a vida de uma pessoa cega.
O que eu penso é que a jornalista ao fazer aquelas perguntas sobre como bebemos ou como o cão-guia sabe distinguir a direita da esquerda estava a fazer as mesmas perguntas que muitos normovisuais fazem. Ela não estava a pensar nos cegos, mas sim no que os normovisuais pensam do que é ser cego.
Foi muito bem ter mostrado como há tanta coisa que os normovisuais não sabem, e isso não é razão para nós, cegos, ficarmos ofendidos.
Realmente, teríamos gostado que a jornalista se tivesse focado nos sucessos de pessoas cegas que, por meio da reabilitação, têm uma vida normal. Eu acho que a ideia da reportagem foi mostrar como pessoas que perderam recentemente a visão vivem as dificuldades que a jornalista experimentou.
Cumprimentos
Olá, Almir!
Eu e a Céu adorámos o teu poema que nos dedicaste! Obrigado! Realmente tens jeito para escrever poemas, pois vou guardar este poema com muito carinho!
O nosso amor é verdadeiro e lindo! Amo a Céu e quero envelhecer ao seu lado. Tê-la encontrado foi a melhor prenda da minha vida, pois ela é a mulher da minha vida, o meu tesouro, a minha alegria e a razão da minha existência.
É verdade que temos as nossas limitações sensoriais, mas elas não são impedimento aos nossos sonhos! Porque quando se ama tudo é possível, como disse a Céu. São muitas as pessoas que duvidam de nós e que acham a nossa relação uma loucura, só porque somos deficientes e julgam que não podemos ter uma vida familiar como toda a gente.
As dificuldades fazem-me ir à luta, pois com a Céu descobri a minha determinação. Lutamos juntos contra todos os preconceitos e contra todas as dificuldades, pois a felicidade alcança-se com perseverança e fé.
Cumprimentos.
Marco Branco
Olá!
Chamo-me Marco e sou surdocego, mas sou um homem muito feliz! Namoro com a Céu, que é amblíope, as minhas limitações nunca serão obstáculo ao nosso relacinamento. Juntos desenrascamo-nos muito bem, vivemos uma vida normal como as outras pessoas e amor verdadeiro que sentimos supera qualquer barreira!
Não tenha medo dos seus próprios sentimentos, do que a sua família pense,deve ser egoista e fazer felizes aqueles que ama, porque se tiver medo de ser sinsera com os outros nunca será feliz.
Eu nunca irei permitir que a minha familia tome as decisões por mim.
Nao tenha receio de enfrentar as pessoas preconcentuosas, porque com o tempo elas se irão habituar e terão de aceitar que você nao é nenhuma criança. Ou será que o seu medo tem a ver com o relacionamento que está a iniciar com uma pessoa cega!...tem vergonha???...
Caro Francisco,
Adorei o artigo que postou, porque o que foi dito do princípio ao fim é verdade, e eu próprio o pude confirmar com a minha experiência de cego na vida prática.
Quão grande é a ignorância da sociedade! Cabe a nós, pessoas com deficiência, mostrar que os mitos criados em torno do cego não têm qualquer fundamento.As pessoas constroem as suas ideias através de características exteriores sem no entanto investigarem a verdade. Ficam-se portanto pelas aparências e pelo que é superficial, e constroem os seus preconceitos que podem dificultar uma relação humana genuína caso não haja um contacto directo com
a pessoa cega.
A pessoa cega é tal qual como todo o ser humano, cuja inteligência lhe permite adaptar-se ao meio. Eu, como cego e surdo, disponho dos outros sentidos para apreender o mundo que me cerca e que comunica comigo através dos mais diversos estímulos. O cego não tem os sentidos aguçados, como a sociedade pensa que ele é especial e dotado de capacidades extraordinárias. Na realidade, por força da necessidade de adaptação, o cego está mais atento aos estímulos que lhe chegam aos sentidos, os quais lhe fornecem pistas importantes para saber onde está, como está o tempo, em que posição estão os objectos, com que tipo de pessoas está a falar, etc.
Quando a isso das cores, sou de opinião que associo sensações táteis a cores, mesmo que a sua significação se desvie dos padrões culturais. Eu penso que cada um atribui a sua própria significação.
Eu antes de cegar, nem sabia que existiam outras formas de ser autónomo, daí que me assustava a simples ideia de ficar cego. Mas hoje, e graças à incrível capacidade de adaptação que nos distingue do resto dos animais, sou capaz de fazer tantas coisas, bastando-me para isso ter vontade e espírito de aventura.
Muito obrigado pelo artigo que me fez pensar o quanto são preciosos os sentidos que tenho e que posso com eles "enxergar" mais conscientemente o que me rodeia.
Cumprimentos cordiais.
Marco Branco
Olá, amigo!
Como é reconfortante ouvir as palavras sinceras de um amigo como tu! Fiquei emocionado com o teu testemunho, mas a nossa vida é feita de momentos bons e maus. Tu, eu e todos do lerparaver tivémos de superar os momentos maus e a tirar lições deles para darmos mais valor às pequenas coisas da vida.
Fiquei feliz por ti, pois a experiência tornou-te mais sábio e verdadeiro nas palavras e nos gestos. Foi duro, mas valeu a pena, como sempre valeu a pena lutar.
Tu és um exemplo de vida para todos nós, e admiro-te pela energia e alegria de que dás provas.
Abraço.
Caro amigo,
Fiquei muito contente ao ler o seu comentário, pois vejo que estamos em perfeita sintonia e que lutamos sem desistência contra os preconceitos, nossos e da sociedade.
É triste que os outros não olhem para o nosso interior, pois com uma limitação não deixamos de ser seres humanos sensíveis e úteis. Só nós sabemos que tesouros maravilhosos se ocultam dentro de nós, mas para isso é necessário que nos dêem a oportunidade de o mostrarmos em vez de nos fecharem a sete chaves em casa ou em instituições de solidariedade, as quais nos privam do contacto real com os nossos semelhantes. Eu nunca quis ser institucionalizado e separado do resto da realidade, mesmo que nas escolas regulares não existisse quem soubesse lidar com um jovem surdocego.
Tenho de lhe contar um episódio engraçado da minha vida. Antes de eu ficar completamente cego, não me esforçava muito nos estudos, mas aos 18 anos não me distría com coisas fúteis, desejando conhecer o que não podia alcançar com a visão e a audição. O Braille tornou-se o meu mundo, e como desde muito cedo manifestei gosto pela escrita, passei a valorizar o que tinha em vez de ficar a invejar os sortudos que enxergavam. Pois que a inveja que saboreava com amargura nada de bom me podia trazer, excepto ainda mais infelicidade. Eu podderia encontrar uma luz na escuridão que me guiaria para fora dela e me mostraria o que eu antes ignorava.
Portanto, escrevia para me libertar, e fazia-o com a alegria de quem descobre que a vida é possível e tem mais valor quando se tem uma limitação.
Mas eu tinha duas e viver com elas era necessária uma grande dose de coragem, e não sei onde a fui buscar nas horas mais difíceis, mas a minha força de vontade impelia-me para a vida e para a necessidade de vencer.
Foi uma caminhada dolorosa, e muitas vezes os meus fantasmas vinham atormentar-me o espírito com pensamentos negativos a meu respeito.
Se a deficiência tem uma História infeliz, a minha também tem e muitas vezes pior do que a surdez ou a cegueira. De que se tem mais medo, pergunto eu, da cegueira ou da surdocegueira? Custa a imaginar uma pessoa com as duas limitações a escrever-nos este texto e que construiu uma família e que faz praticamente tudo o que pode.
Eu não nasci surdocego e pensava as mesmas coisas que as pessoas a que chamam "normovisuais". Bem, as coisas só fazem sentido quando passamos por elas, e nunca irão entender o que nós sentimos na sua íntegra. Eu já me comportei como um "deficiente", mas isso foi porque, no momento, me sentia desamparado e sem confiança em mim.
E quando saí desse estado de me sentir socialmente um indesejável, dei tudo por tudo para levantar o meu moral, pois percebi que um verdadeiro limitado era aquele que não tentava ganhar a vida. Sei que me viam não só como deficiente visual e deficiente auditivo, mas também como deficiente mental, pois era notório o espanto que os outros tinham de mim, que fazia o que para mim era normal e nada de extraordinário.
No início, tinha raiva e detestava isso, mas depois entendi que não o faziam por mal e que eu tinha a responsabilidade de os informar do que não sabiam. Pois eu reagiria da mesma forma com outra pessoa com deficiência. Mais do que informar, teria de desculpar a sua ignorância e fazê-la ver que o ser humano consegue adaptar-se às situações, pois isso não é de estranhar e faz parte da vida de todos nós.
Prefiro uma boa conversa ao invés de soltar os meus cães raivosos contra a pessoa que não sabe, que foi educada assim, que nos vê como uma raça inferior, que julga que o que nós precisamos é de piedade.
Cumprimentos
Caro Francisco,
Li com muito interesse o seu artigo para reflexão, e muitos sentimentos experimentei ao longo da leitura, sobretudo sentimentos de indignação e vontade de mudar o mundo, seja com o meu testemunho e de outros, seja através da escrita, do meu blog, poemas, contos, etc.
Gostaria primeiramente de o felicitar por ser uma pessoa determinada e que busca a partilha da verdade através dos meios de comunicação possíveis, não deixando de exaltar o lerparaver, pois que é ele que me tem dado uma visão mais realista e nobre do ser humano que tudo faz por viver dignamente. Os seus artigos, alguns deles que já li, são muito interessantes e de uma criticidade que torna o lerparaver um espaço de partilha e mudança de atitudes, quer do próprio, quer dos demais.
Mas voltando ao início.
Tais conclusões a respeito das pessoas cegas são meras ilusões que se tem da cegueira, tão denegrida ao longo dos séculos, e imbuídas por uma cultura materialista baseada na perfeição e na produtividade. O cego, impossibilitado do que socialmente é considerado mais essencial, sofre toda a casta de preconceitos e discriminações, ainda hoje visíveis e presentes no dia-a-dia de todos nós.
A cegueira é entendida como um mal que compromete de forma irreversível o futuro do cego. Estou somente a dar um exemplo, pois é uma grande mentira que a sociedade se encarrega de transformar em verdade dogmática. A literatura e a ciência contribuíram para agravar ainda mais o preconceito sobre a cegueira. O cego é alguém quenão possui capacidade para assimilar o que o rodeia, porque não possui o condão da visão, o principal meio de conhecimento do mundo.
Se a comunicação é um factor de desenvolvimento, o lapso de todos os estudos aqui descritos é que o Braille resolve o problema da leitura e da escrita. O autor de tal artigo deveria desconhecer por completo este sistema.
Quanto à expressividade, tais afirmações revelam um profundo egocentrismo do autor, pois as emoções e os gestos do corpo são os mesmos na pessoa que enxerga. Cegos congénitos que nunca enxergaram expressam as suas emoções de variadíssimas formas, pois não lhes basta enxergar, ouvir é muito mais importante, e a mímica está em todo o corpo, pois é através dele que comunicamos voluntária ou involuntariamente.
Pessoas mal esclarecidas na matéria da cegueira e que partem de sobrepostos unicamente estatísticos (a normalidade é o que a maioria faz), religiosos (a deficiência é um castigo ou uma santidade), culturais e sociais (os valores são impostos e devem ser considerados sob pena de exclusão), o conformismo social, o evolucionismo (a lei do mais forte, o deficiente é visto como uma cópia imperfeita da Natureza), e tantos outros pressupostos, que são levados a sério nas práticas educativas por pessoas mal informadas e que não possuem capacidade de análise...
Como saber ajudar o nosso semelhante sem cair na ilusão de fazer do nosso ponto de vista o que é a apreensão do real? Só através do diálogo aberto e da consciência através do contacto directo e sincero com essa pessoa, que nada é do que aparenta ser.
Cumprimentos.
Olá!
Não percebi lá muito bem como funcionava o dispositivo, mas deve ser outro grande avanço na autonomia das pessoas cegas e amblíopes, e não esquecendo as que são surdocegas! Pois se o Isense converte a informação em Braille, será, sem dúvida, um aparelho pensado para todos, bastante útil para quem só tem o sentido das mãos.
Eu sou surdocego e a minha companheira é amblíope e, quando vamos às compras, esbarramos com algumas dificuldades. Quase não há produtos com Braille, mas já era de esperar. Depois há aquela lacuna de os preços e a validade dos produtos não estarem em relevo nem em ampliado. Mas, enfim, desenrascamo-nos bem, pois formamos uma dupla perfeita. Eu sou capaz de reconhecer muitos dos produtos, não só pelo toque, mas também pelo odor que deles emana. E dou graças a Deus por isso, e sobretudo porque sou muito feliz com a Céu e ela faz-me olhar para o lado positivo da vida.
No entanto, todas as iniciativas tecnológicas são bem-vindas, pois aumentam a esperança de termos uma melhor qualidade de vida e dignidade.
O mais triste é que este aparelho pode ser muito caro, e num tempo de crise como este, só quem é um privilegiado poderá usufruir de tal tecnologia...
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