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Comentários efectuados por Marco Poeta

  • Marco Poeta comentou a entrada "Homenagem Mais do que Justa ao Grande Alex Garcia" à 12 anos 7 meses atrás

    Caro Francisco Lima:

    Fiquei muito orgulhoso por falar aqui do Alex Garcia, pois somos ambos surdocegos e amigos.

    O Alex é para mim um grande exemplo de coragem e de superação, e uma pessoa maravilhosa, muito acessível e de um pensamento profundo.

    Também quero aproveitar para o felicitar aqui, para que ele saiba que tem amigos que estão com ele na luta por uma sociedade verdadeiramente humana e fraterna, em que não exista discriminação, mas sim respeito pela pessoa na sua plenitude, não somente deficiente, mas como ser completo, com os mesmos sentimentos, valores, sonhos, direitos e deveres.

    Alexx, se estiveres a ler esta mensagem, ganhaste um lugar no meu coração e que Deus te abençoe, que nunca te falte alento para elevares as vozes de milhares de pessoas que, como tu, também existem e que são esquecidos ou que vêem a sua liberdade "castrada" por uma sociedade dominadora e opressora dos mais desfavorecidos.

    Nós os surdocegos e multidificientes continuamos a ser uma classe invisível e sem possibilidade de realizar os nossos sonhos... Muitos dos nossos irmãos surdocegos são congénitos, não falam como nós, não escrevem as suas ideias porque não conseguem pensar para além do concreto, nunca ouviram e não sabem o que se passa à sua volta, vivem sozinhos no seu mundo de noite e silêncio eternos, muitos vivem isolados sem contacto social, sem amigos, sem amor...

    As pessoas não nos vêem como seres humanos; para elas, nós somos uma espécie rara, uns extraterrestres, uns debéis mentais totais... Porém, foi assim que ao longo da História nos trataram e continuam a tratar, fazendo da nossa vulnerabilidade uma forma de dominação, de manipulação e objecto de piedade. E temos de ser humildes, deixar-nos de vaidades, porque as nossas vitórias devem-se também ao apoio e carinho incondicionais da nossa família, dos nossos amigos, dos que acreditam em nós e daqueles que nos deram valiosos conhecimentos. Sem eles, não seríamos nada.

    Finalizo desejando-te tudo de bom, que continues a ser alegre e empenhado numa causa universal, pois tudo o que se refere a ao bem da Humanidade nos diz respeito.

    Abraços,

    Marco Branco

  • Marco Poeta comentou a entrada "Direção-Geral da Educação e Fundação Vodafone Portugal disponibilizam audiolivros a alunos com necessidades educativas especiais " à 12 anos 7 meses atrás

    Se todos os alunos com necessidades educativas específicas tivessem todas as condições para terem sucesso como qualquer outro aluno, creio que Portugal teria muito a ganhar com isso. Porque não são os alunos que são limitados, mas sim as ajudas é que são limitadas a um número limitado de alunos. Muitas vezes os apoios são poucos ou inadequados, e é por isso que muitos alunos com dnecessidades têm de fazer o dobro ou o triplo de esforço para um dia terem o seu ganha-pão e conhecimentos que os tornem mais conscientes de si como fazendo parte de um todo e nunca sendo um grupo minoritário. Pois todos têm capacidades, o problemas são as condições para as poderem desenvolver.

  • Marco Poeta comentou a entrada "Policial confunde bengala com espada e dispara contra cego" à 12 anos 7 meses atrás

    Fiquei boquiaberto com esta cena, porque ela aconteceu num país que eu pensava ser mais desenvolvido do que o nosso! Porque é impossível confundir a bengala branca com uma espada de samurai, pois a bengala para cegos apesar de ser fina como a espada de samurai é branca e a ponta redonda!

    Nunca vi polícia mais ignorante! E depois nem se deu ao trabalho de reparar que o homem era cego pela forma como se locomovia.

    É incrível mas é verdade! As pessoas andam tão na Lua que não sabem o que fazem...

  • Marco Poeta comentou a entrada "A Biblioteca Municipal de Viana do Castelo apresentou o projecto “Leitura para todos”" à 12 anos 7 meses atrás

    Fico muito satisfeito com esta iniciativa, porque são cada vez menos os apoios àqueles que deles muito precisam...

    Iniciativas como esta são preciosíssimas, mas é triste que os meios de comunicação não lhes dêem a devida importância que elas têm...

  • Marco Poeta comentou a entrada "1/3 dos invisuais está desempregado e um em cada seis vive de prestação social" à 12 anos 8 meses atrás

    É inacreditável que ainda seja uma minoria de pessoas deficientes visuais no mercado de trabalho... E mais triste é que com esta crise em que Portugal se afunda mais estar a aumentar o desemprego e a tornar mais fundo o fosso entre os ricos e os pobres...

    Como podemos nós arranjar um emprego estável, se cada vez mais ele é precário? E quem quer empregar os deficientes? Com as médias e pequenas empresas a fechar ou a reduzir o número de trabalhadores, nós não teremos melhor sorte... Quantos diplomados estão no desemprego ou a emigrar? Não há emprego e muito menos agora para nós... Somos sempre os últimos a ser ajudados e cada vez menos, agora já ninguém pensa nos outros, demasiado preocupado com o seu emprego ou rumo da empresa. Vivemos num mundo de ilusão em que podíamos ter mais, mas a verdade é que não nos soubemos governar com a cabeça... E nós os deficientes vimos os nossos sonhos ficarmais longínquos, quando agora o social é imolado à economia, ou seja, só se preocupam com os números e esuqcem as pessoas.

  • Marco Poeta comentou a entrada "O Braille na Minha Vida“O acesso à comunicação no seu sentido mais lato é o acesso ao conhecimento e este é de importância vital" à 12 anos 8 meses atrás

    Olá Jaqueline!

    Agradeço ao professor Francisco por ter partilhado consigo o meu post sobre o Braille.

    Fico feliz que tenha gostado e que se interesse muito em aprender. Utilizo o Braille há 13 anos e foi uma das melhores coisas que me aconteceu. Pois eu sempre gostei de ler e de escrever e foi isso que me motivou a aprender Braille.

    A Jaqueline parece-me diferente, pois quase todas as pessoas que enxergam não tentam ler Braille com os dedos... Eu também já enxerguei e achava muito difícil ler braille, mas a verdade é que os olhos atrapalham e é necessário estimular o nosso tato. É errado pensar-se que só o cego tem sensibilidade, pois até quem enxerga consegue, mas tem de começar da forma mais simples como eu comecei.

    Assim, primeiro tive de estimular o tato realizando trabalhos manuais. Depois tive de aprender as letras do alfabeto, agrupando-as em séries. Na máquina Perkins aprendi só as letras da primeira fila, cujas teclas eram 1, 2 e 3. As letras que podemos fazer só com essas 3 teclas sao o "a", o "b", o "l" e o "k". Também aprendi as letras dos sinais superiores, isto é, em que na constituição das letras nao figuram os pontos 3 e 6. Esses sinais sao as letras "a" até à letra "j", que também representam os números de 1 a 0 precedidas do sinal de número que na Perkins sao as teclas 3456 pressionadas em simultâneo.

    Quanto a essa dúvida, o Sistema Braille é universal, o que muda sao a forma como se grafam em braille as palavras de acordo com a língua de cada país. Por exemplo, no alfabeto português e brasileiro as letras "è" e "ñ" só aparecem em textos castelhanos.

    Todas as regras encontram-se editadas num livro a tinta e em braille que se chama "Grafia Braille para a Língua Portuguesa". Vou ver se o tenho em digital para o pôr à disposição de todos.

    Aprender Braille não é difícil; difícil é não querer aprender. Verá como depois se sentirá muito mais fascinada com a sua estrutura simples mas muito próxima do alfabeto dos que enxergam, pois muitas letras parecem ter a mesma forma.

    Muitas felicidades e espero tê-la ajudado.

  • Marco Poeta comentou a entrada "Olá Novamente!!!" à 12 anos 8 meses atrás

    Olá mano Filipe!

    Obrigado pelas dicas!

    Tens razão, a divulgação é o passo mais importante, até porque as pessoas preconceituosas verão que afinal nós não somos nenhuns coitadinhos.

    Eu tenho poemas melhores do que esses, mas como são os primeiros, são os mais originais.

    Obrigado, amigo, por dares a conhecer os meus poemas.

    Isso das editoras é difícil. Primeiro, tens de juntar dinheiro para pagar à gráfica. Segundo, tens de fazer uma revisão rigorosa da obra a fim de corrigir erros de ortografia ou de coerência de ideias. Terceiro, terás de fazer uma pequena biografia tua, resumo do livro de forma a torná-lo atrativo. Quarto, podes ter de pagar despesas relacionadas com a comercialização dos exemplares.

    Numa editora da net é que não me fiei, porque de direitos de autor só recebia menos de 1 euro por cada volume vendido, enquanto que eles ficavam com quase a totalidade do preço. A pulicação até era barata (6000 e tal euros), mas quando queremos ficar com o preço das vendas pagamos mais à gráfica.

    Abraços.

  • Marco Poeta comentou a entrada "Olá Novamente!!!" à 12 anos 8 meses atrás

    Olá, André!

    Tens todo o meu apoio para realizares o teu sonho! Imaginação e talento não te faltam e acredito que vais conseguir!

    Obrigado pelo resumo acerca da tua triologia. Quando a publicares, vou querer ler, pois nunca li um romance de fantasia da autoria de um escritor português cego.

    O Filipe está a exagerar! Eu sou uma pessoa muito simples e tento ser feliz. Tenho uma grande paixão pela escrita e ela é uma das poucas coisas que posso fazer a 100%.

    Já tenho alguns livros da minha autoria, mas não são de fantasia. Sou mais filosófico e sentimental.

    Dos livros que já escrevi em braille destaco: "Filho do Silêncio e da Noite", um diário autobiográfico em verso que fala de forma muito intensa e pessoal do meu mundo de surdocego; "És a Luz dos Meus Olhos", versos que homenajeiam Louis Braille; "Almas Simples", versos sobre pessoas comuns, como pastores, ciganos, mendigos, capitães de pequenos barcos, etc..

    Preparo-me para concluir um livro de contos infanto-juvenis, cujos problemas das vidas dos personagens não são resolvidos com magias, mas sim através das faculdades humanas.

    Abraços e bom trabalho!

  • Marco Poeta comentou a entrada "Olá Novamente!!!" à 12 anos 8 meses atrás

    Olá, André!

    Sê de novo bem-vindo ao Lerparaver!

    Chamo-me Marco, tenho 29 anos e sou surdocego desde os 15 anos. Sou licenciado em Psicologia mas não exerço a função.

    Fazes muito bem em pensares no teu futuro e fazeres aquilo que está ao teu alcance.

    Eu quando enxergava gostava muito de jogar e fico satisfeito ao saber que existem jogos sonoros para cegos, embora eles tenham surgido recentemente e eu nunca experimentei por não poder ouvir... No entanto, agora ouço com o auxílio de um implante coclear, uma tecnologia fantástica que se mete directamente no ouvido e podemos discriminar os sons com paciência e treino. Graças a ele hoje posso utilizar o telemóvel, um leitor de ecrã, ouvir um livro falado, e mais importante de tudo compreender o que os outros me dizem.

    Desejo-te muito sucesso com a tua triologia. Fiquei muito curioso e, se não te importas, podes só dizer-me o género de livro e porquê a luz?

    Eu também gosto muito de escrever e tenho escrito em livros ensaios, poemas, contos e um dia destes vou-me iniciar no romance. O mais difícil não é escreveres o teu livro, mas sim publicá-lo.

    Vejo na escrita o refúgio perfeito e a ausência total de barreiras.

    Se precisares de ajuda, de dicionários e coisas assim que os escritores têm sempre em cima da mesa é só dizeres.

    Não deixes de sonhar, muita coragem!!!

    Abraço

  • Marco Poeta comentou a entrada "A Deficiência segundo o Espiritismo" à 12 anos 9 meses atrás

    Querido amigo,

    As palavras de um amigo valem milhões, valem mais do que as imagens bonitas e os quadros mais famosos do mundo!

    Dou graças a Deus por te ter conhecido, pois és uma pessoa com muita força de vontade, sensível e transparente. Não há muitas pessoas como tu, que ainda sabem sorrir apesar da discriminação e da dureza da vida. Apesar de tudo o que tiveste de passar não perdeste a fé e a vontade de viver.

    Olha, também eu tive um passado cheio de sofrimentos e de privações, mas não deixei de acreditar num ser superior que me deu a oportunidade de viver quando estava às portas da morte. Olhando para trás, fico perplexo comigo mesmo, com toda a minha coragem e alegria. No fundo, é nas adversidades que está a nossa verdadeira natureza e força interior.

    Fomos ambos pobres, temos uma deficiência e sofremos com a discriminação na escola e fora dela. Contudo, não perdemos a esperança de algo mais quando todo o mundo nos dizia que não havia algo mais.

    As contrariedades fizeram-nos crescer em maturidade. Hoje damos valor a tudo o que é simples e bom. Sabemos que não podemos ter tudo o que desejamos, vivendo o que o presente tem de melhor para nos proporcionar. Há certos sonhos que eu sei não poderei realizar, mas devo ser feliz com o que tenho...

    Agora que tens um trabalho estável, sei que gostavas de formar família, não é? A minha situação é inversa: de momento não tenho um trabalho que me permita sonhar mais longe. eheheheh!

    Mas olha, podemos ser amados de muitas maneiras, dando o nosso afecto a quem mais dele necessita. Isso é a forma mais pura de amar sem posse nem egoísmos.

    Publicar um livro está muito difícil, porque tem de se ter dinheiro e não se ser enganado. Por pouco ia sendo enganado por uma editora que encontrei na net. Se eu não tivesse sido mais esperto do que eles, teriam ficado com quase todo o dinheiro das vendas.

    Mas a esperança ainda está de pé e continuo a minha actividade literária com o mesmo entusiasmo e naturalidade com que me saem as palavras sem muito esforço. Já me arrependo de não ter ido para Letras, pois não existe qualquer limitação à minha escrita.

    Abraço, fica bem!!!

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